Page 41 - Revista EAA - Edição 90
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PONTO DE VISTA
A revolução da
mobilidade aérea
sustentável começou
o início do século XX, inventores e empreendedores se lançaram a
criar e experimentar diferentes configurações de aeronaves em busca
Nda realização de um antigo sonho da humanidade: ganhar os céus e
superar grandes distâncias de forma segura, eficiente e acessível. Um desses
pioneiros foi o brasileiro Alberto Santos Dumont, o primeiro a demonstrar
que uma aeronave mais pesada do que o ar – o 14-bis – era capaz de decolar
por seus próprios meios, em 23 de outubro de 1906.
Pouco menos de 100 anos depois, em 2004, a Embraer certificou no Bra-
Daniel Moczydlower, CEO
sil a primeira aeronave do mundo capaz de voar com 100% de combustível
da EmbraerX e vice-presidente
renovável (etanol de cana-de-açúcar), o avião agrícola Ipanema. E agora, em
de inovação da Embraer S.A.
2021, um novo marco relevante para a Embraer e para o nosso país se aproxi-
ma, o primeiro voo de um demonstrador de tecnologia com propulsão 100%
elétrica, no mesmo avião agrícola Ipanema modificado.
O que esses momentos têm em comum? No começo do século XX, um
novo meio de transporte foi inventado, e agora ele precisa ser – e está sendo
– reinventado! Tenho compartilhado em conversas recentes com jovens pro-
fissionais e estudantes de engenharia aeronáutica, como os competidores da
SAE AeroDesign, que elas e eles são uma geração privilegiada, à qual caberá
explorar novamente os limites do possível, testando soluções inovadoras que
possam viabilizar a aviação neutra em emissões de carbono.
“Em 2021, um Antes mesmo da assinatura dos compromissos do Acordo de Paris sobre
novo marco mudanças climáticas, a indústria aeronáutica mundial já havia anunciado a
relevante para a ousada meta de redução de 50% das emissões até o ano de 2050, em relação
às emissões de 2005. Para que elas possam ser atingidas, faz-se necessário um
Embraer e para o esforço de curto prazo de renovação das frotas globais com aeronaves mais
país se aproxima, eficientes, otimização das operações aéreas, da infraestrutura aeroportuária e
o primeiro voo uso de biocombustíveis de aviação (SAF – Sustainable Aviation Fuels), que
com propulsão precisam ganhar escala produtiva e economicidade. Mas ainda será necessá-
100% elétrica” rio fazer mais.
Tecnologias de propulsão elétrica ou híbrido-elétrica, valendo-se de bate-
rias, células a combustível ou mesmo hidrogênio como fonte de energia, pre-
cisarão ser desenvolvidas e certificadas para entrar em operação, impactando
a mobilidade aérea de forma jamais vista.
Assim como na época de Santos Dumont, o Brasil tem a chance de ser
protagonista. Entre as maiores economias do mundo, nenhum outro país
possui uma matriz energética tão “limpa” quanto a brasileira. Somos uma
potência do agronegócio e dominamos tecnologias de produção de biocom-
bustíveis. Nossa extensão territorial e o tamanho da nossa população levam
a uma enorme demanda por mobilidade aérea. Temos um parque industrial
sofisticado e competências instaladas de engenharia e tecnologia aeronáu-
ticas reconhecidas internacionalmente. A revolução da mobilidade aérea já
começou – e temos que estar nesta corrida! n
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