Page 42 - Revista EAA - Edição 91
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PONTO DE VISTA
O futuro elétrica deve demorar a chegar por aqui. Isso, claro, conside-
da indústria rando que em termos de emissões e analisando todo o ciclo
de vida, o modelo híbrido com etanol é tão eficiente quanto
automobilística um veículo elétrico. Em todo seu ciclo de vida, um veículo a
combustão, quando abastecido com etanol, gera 18,6 tone-
brasileira ladas de CO . Um puramente elétrico, por sua vez, gera 19
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toneladas de CO . Analisando o ciclo como um todo, com
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o bagaço e a linhaça transformados em biogás e biometano,
Queremos ser protagonistas em reduziríamos ainda mais o CO emitido no Brasil e diversifi-
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tecnologias que tornem o Brasil caríamos a matriz energética do País.
o motor da sustentabilidade global Até pouco tempo atrás, estávamos analisando a métrica
sem considerar todo o ciclo. No mundo, a energia elétrica
ainda não é gerada totalmente por tecnologias limpas. É por
isso que estamos empenhados em desenvolver alternativas
como, por exemplo, uma célula de combustível a etanol que
possa ser exportada para outros países onde a alteração de
toda a rede para apenas elétricos seria enormemente cara.
Precisamos definir que tipo de indústria queremos ser:
protagonista ou coadjuvante? As mudanças para carros elé-
tricos, híbridos e autônomos já começaram. É o momento
perfeito para concretizarmos essa proposta para criar alter-
nativas eficientes e sustentáveis que possam tornar o Brasil
Por Pablo Di Si, Presidente & CEO competitivo e beneficiar todo o mundo. Mas, precisamos dar
da Volkswagen América Latina * o próximo passo agora porque se não fizermos nada, a nossa
indústria vai desaparecer daqui a 20, 30 anos.
enho participado de muitas entrevistas e palestras apre- Neste momento, precisamos de uma maior previsibilidade
sentando a minha visão sobre o futuro da indústria au- quanto às políticas de estado para o setor. Não estou falando de
Ttomotiva brasileira. Falo principalmente da necessidade benefícios, mas de regras claras que incentivem as empresas a
de uma estratégia de descarbonização da cadeia automotiva, investirem em tecnologia sustentável. Já existem conversas so-
que passa essencialmente pela eletrificação da frota de veícu- bre a possibilidade de um Rota 2050, que será um plano mais
los no futuro, mas que no Brasil tem o biocombustível etanol abrangente e de longo prazo. A ideia é considerar o ciclo de vida
como uma estratégia complementar para reduzir as emissões. do produto para garantir a sobrevivência da indústria no País e
Independente da empresa, todos temos metas muito se- impulsionar a sua transformação a partir do biocombustível.
veras para reduzir ou eliminar o CO . A Volkswagen foi a Foi pensando nisso que anunciamos em julho nosso plano
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primeira companhia do setor a assinar o acordo de Paris e de intensificar a pesquisa para o desenvolvimento de tecnolo-
neutralizar as emissões de carbono até 2050 e já anunciamos gias baseadas em biocombustíveis. Com aprovação do Grupo
que a meta é fazer com que os veículos elétricos atinjam par- Volkswagen, vamos criar e liderar um Centro de Pesquisa &
ticipação de 70% das vendas na Europa e de 50% na China e Desenvolvimento para mercados emergentes aqui no Brasil.
nos Estados Unidos até 2030. Nosso Centro de P&D de Biocombustíveis será voltado
Acredito fortemente no nosso potencial em sermos pro- para o estudo de soluções tecnológicas baseadas em etanol e
tagonistas na criação de novas tecnologias para alavancar o outros biocombustíveis para mercados emergentes, que uti-
Brasil como motor da sustentabilidade global. Já temos uma lizam energia limpa, para a combustão e soluções híbridas.
importante inovação desenvolvida aqui no País com grande Poder liderar, desenvolver e exportar soluções tecnológicas a
impacto na redução de CO a partir do uso do etanol, que é partir do uso da energia limpa dos biocombustíveis se ca-
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o motor flex. Por isso, é de extrema importância que o nosso racteriza como uma estratégia complementar às motoriza-
setor estimule a pesquisa junto ao Governo, universidades, ções elétrica, híbrida e à combustão a mercados emergentes é
entidades e empresas para irmos além. um reconhecimento enorme para a operação da Volkswagen
O Grupo Volkswagen, como tem falado o CEO Herbert na América Latina. Vamos atuar em parceria com Governo,
Diess, também considera o etanol um caminho a ser seguido universidades e a agroindústria para que possamos trabalhar
na América Latina, já que a infraestrutura para a mobilidade com o que há de melhor para o futuro da mobilidade. n
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