Page 21 - Revista EAA - Edição 101
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O Brasil é um dos elos essenciais para criação do chamado “cinturão de bioenergia”
para disseminar a produção e consumo de diferentes bicombustíveis
esde a assinatura, em 2015, do Acordo de Paris, dar passos largos para desenvolver o uso do biometano,
que definiu as metas de redução de emissões de um combustível verde, produzido a partir de resíduos
Dgases do efeito estufa, as mudanças climáticas es- orgânicos e que é um substituto do gás natural em seus
tão no centro da agenda de governos, do mercado e da diferentes usos, como na geração de energia elétrica, em
sociedade. Raras vezes na história da humanidade um veículos e na indústria.
tema mobilizou a atenção de tantas nações do planeta à O protagonismo brasileiro nesse setor ganhou um
medida que os efeitos do clima se tornam palpáveis na novo impulso em setembro de 2023 com a criação da
vida das pessoas. Aliança Global para Biocombustíveis (GBA, na sigla
Esse é um desafio planetário que envolve todos e im- em inglês), durante a última reunião da cúpula do G-20.
pacta a própria sobrevivência de negócios, diante da neces- Formada por 19 países e 12 organizações internacionais,
sidade de cumprimento de acordos internacionais e da le- o GBA tem como principal missão fomentar o uso dos
gislação nacional e da própria demanda do consumidor por bicombustíveis no mundo, criando um mercado global.
“produtos verdes” e compromissos com a sustentabilidade. Uma demanda para além do transporte veicular e que
O Brasil, como sabemos, ocupa uma posição de desta- inclui a aviação e o setor marítimo.
que na agenda mundial da transição energética. Somos uma Hoje, 20% das emissões globais de gases do efeito es-
superpotência verde: o segundo maior produtor mundial de tufa advêm do setor de transportes. Desse total, 71% são
etanol, com 79% de participação de fontes renováveis na sua provenientes do transporte rodoviário. No seu relatório
matriz elétrica, contra menos de 20% nas nações mais ricas. Renewables-2022, a Agência Internacional de Energia
É muito e pode ser muito mais, quando se considera aponta que, nos próximos quatro anos, a demanda mun-
o enorme potencial do Brasil para produzir outras fon- dial por biocombustíveis deve crescer 22%. É uma taxa
tes de energia renovável. É visível o avanço vertiginoso ainda modesta considerando que hoje o consumo global
que as fontes eólicas e fotovoltaicas tiveram no Brasil de biocombustíveis representa só 4% do total de com-
nos últimos anos. Da mesma forma, podemos também bustíveis líquidos. No Brasil, chega a 20%.
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