Page 12 - Revista EAA - Edição 92
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VIAJANDO NO TEMPO
Trens ultrarrápidos de levitação magnética
transportarão passageiros e carga em números
cada vez maiores (acima). E gigantescos
dirigíveis transportarão cargas para as
localidades mais inacessíveis, sem a necessidade
de estradas ou aeroportos
Graças aos sistemas automatizados de mineração espa- Que tal voar como uma águia, conectado a um pássaro
cial, a indústria também se instalou em órbita. Alimentada robô para fazer um voo de reconhecimento? Ou, em vez
por trilhões de dólares em minérios distribuídos nos aste- de pilotar um carro de Fórmula 1, você se tornar o carro
roides que se encontram em órbitas próximas da Terra, ela de corrida? Ou, talvez, controlar um veículo robótico para
promete liberar o nosso planeta do seu impacto ambiental. realizar um reparo de emergência em um reator nuclear,
Isso sem falar nas prósperas colônias na Lua – tanto a sendo capaz de manipular tanto peças de centenas de qui-
chinesa quanto a internacional – e na primeira cidade hu- los quanto ferramentas delicadas em um ambiente mortal
mana em Marte, que não para de crescer. para qualquer ser vivo?
O futuro promete ser ainda mais surpreendente: final- Essa conexão direta entre a consciência humana e a mo-
mente os buracos de minhoca (os chamados wormholes) es- bilidade cria possibilidades ilimitadas de gerar valor para
tão se tornando uma realidade. Esse fenômeno físico, que indivíduos, organizações e para a sociedade como um todo
era apenas teórico décadas atrás, é capaz de produzir um – e esse é só o começo.
efeito de distorção espacial que cria um túnel que conecta
dois pontos separados no espaço – atalhos para qualquer O que o futuro nos reserva?
lugar no cosmo. Calcula-se que as primeiras aplicações prá- De espaçonaves gigantescas movendo carga e pessoas pelo
ticas estejam disponíveis por volta de 2070. nosso sistema solar a nanomáquinas moleculares desenha-
O futuro da mobilidade talvez esteja em fazer as distân- das para se deslocar dentro corpo humano, em 2051 a mo-
cias desaparecerem. bilidade toma formas que fariam com que uma pessoa do
começo do século XXI acreditasse fazer parte de uma nar-
Rumo ao cérebro rativa de ficção científica.
Talvez o maior destino da mobilidade em 2051 não seja Grandes mudanças ainda estão por vir, em um ritmo
algo distante, mas muito próximo: o cérebro humano. cada vez mais acelerado, graças à colaboração cada vez mais
Transportar a consciência humana para todos os tipos integrada entre os engenheiros e as inteligências artificiais
de espaços através de BCIs (Brain Computer Interfaces) ou extremamente sofisticadas, computadores impossivelmente
das interfaces entre o cérebro e os computadores nos per- poderosos e processos industriais disruptivos, criando no-
mitirá ir além de simplesmente controlar veículos na terra, vos modelos de negócio e transformando profundamente
no mar e no ar de forma remota, e vivenciar a sensação físi- ecossistemas onde a experiência do ser humano e a susten-
ca de estar em outros lugares, experimentando tudo através tabilidade estão no centro.
dos nossos sentidos. Seja na terra, no mar, no ar ou no espaço, o futuro da
Um oceanógrafo pode nadar com golfinhos e explorar mobilidade promete ir muito além da nossa imaginação. n
recifes de coral sem sair do seu laboratório. Uma pessoa
paralisada pode ter sua consciência transportada para um
robô em uma caminhada no Nepal ou para ajudar seu filho *Gui Rangel é SXSW speaker, futurista, advisor,
a aprender a andar de bicicleta pela primeira vez. pesquisador e SciFi experience designer
12 outubro/novembro/dezembro