Page 39 - Revista EAA - Edição 92
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A ciência de dados
                      lida com a descoberta
                         do desconhecido,
                         mas a engenharia
                      fornece a estabilidade,
                        a confiabilidade e a
                        segurança do que a
                           ciência oferece






























           Nas indústrias é cada vez mais comum a visão computacional nos processos de auxílio à qualidade



           com economia circular, aplicando biotecnologia frequente-  nos últimos 30 anos encontrará fenômeno semelhante na
           mente no desenvolvimento de seus produtos (ESG é a pauta   hard science e tech. Isso requer, além de novas regras, tam-
           do momento). Para os próximos nove anos, serão necessários   bém um novo modelo de formação de pessoas. A ciência de
           mais 50% de energia, mais 40% de água e mais 35% de ali-  dados lida com a descoberta do desconhecido, mas a enge-
           mentos (https://nic.org.uk/themes/energy-waste/), todas es-  nharia fornece a estabilidade, a confiabilidade e a segurança
           sas necessidades consumindo menos combustíveis fósseis e   do que a ciência oferece. As ciências sociais permitem a en-
           degradando menos áreas nativas, de forma auditável. Só para   trada de dados para a ciência de dados conectar a demanda
           referência, o Brasil é um dos países mais “limpos” no conceito   com a oferta. As profissões se conectam cada vez mais.
           de geração de energia, mas sua indústria consome quase 40%   Portanto, para se preparar para 2050, é necessário cons-
           da energia elétrica do País e cerca 10% da água captada para   truir nacionalmente uma plataforma que permita a intera-
           uso, segundo dados do Portal da Indústria. É muita mudança!  ção entre os distintos stakeholders da sociedade. Diferentes
             Além disso, devido às características populacionais e ao novo   níveis de transferência de tecnologia devem ser estabeleci-
           conceito de sociedade globalizada, os países encaram a seguran-  dos, permitindo desde os fundamentos básicos, relaciona-
           ça pública e os atos antiterrorismo com a mesma carga de es-  dos à aplicação de tecnologias distintas, até a fabricação de
           forços relacionada com a indústria da defesa. Cidades se tornam   protótipos e desenvolvimento de produtos. Parece clichê,
           mais seguras e resilientes. Isso tudo ocorrendo num mundo com   mas sem educação e integração torna-se impossível o pro-
           capital escasso e em mutação, consequentemente, provocando   gresso acontecer. n
           as indústrias a serem cada vez mais flexíveis, focadas para o in-
           divíduo, respeitando os limites ambientais. Caso empresas e Es-
           tados estejam contrários a esta agenda, a tendência é a extinção.  *Jefferson de Oliveira Gomes, professor doutor engenheiro, professor
             Vivemos, portanto, a indústria de transição, e creio que           do Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA),
           o fenômeno da digitalização que abarcou nossa sociedade        superintendente de Tecnologia e Inovação do Senai/CNI

           outubro/novembro/dezembro                                                                        39
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