Page 45 - Revista EAA - Edição 92
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– com base em sofisticados algoritmos de inteligência artifi-  compartilhamento podem ser ampliados, tornando a pro-
           cial, uma variedade de sensores e, em muitos casos, soluções   priedade de veículos obsoleta.
           de comunicação entre veículos ou entre eles e o ambiente   Confio, ainda, que a própria necessidade de desloca-
           ao seu redor – permitem uma operação independente, sem   mento será muito reduzida, uma vez que o período crítico
           motorista, transportando passageiros e carga sem inter-  da pandemia nos mostrou que há várias formas de estar e
           venção humana. As implicações de tal mudança de para-  de se fazer presente em aulas, eventos e reuniões, que não
           digma são imensas: veículos autônomos podem otimizar o   apenas a presença física. Se o isolamento social imposto nos
           espaço para passageiros, abrindo mão do volante ou outros   afastou, as tecnologias da comunicação e da informação nos
           elementos de controle; algoritmos de condução podem ser   aproximaram de uma maneira que jamais imaginaríamos.
           desenvolvidos para privilegiar o baixo consumo de energia,   Eu, particularmente, sou um entusiasta do futuro – mui-
           novamente contribuindo para a redução de emissões; o uso   to mais que apenas um otimista. Vejo sempre o progresso da
           dos sensores pode colaborar para uma redução significativa   ciência e da tecnologia com olhos admirados, e acredito que
           nos acidentes de trânsito, inclusive porque situações como   não devemos jamais temê-la, tentar freá-la ou exercer qual-
           conduzir embriagado deixam de existir em um cenário em   quer controle limitante. Está claro, porém, que o Estado terá
           que não é mais necessário dirigir. Estes são apenas alguns   um papel fundamental para promover a concertação dos
           possíveis efeitos da revolução que a autonomia pode trazer.  atores envolvidos em todos esses processos, usando tanto
             É fato que os grandes centros têm sofrido há décadas   sua capacidade de regulação como seu potencial de fomento
           com as consequências negativas do transporte, especial-  para estimular o desenvolvimento das tecnologias de uma
           mente o individual: poluição, engarrafamentos e acidentes   forma sustentável, buscando o bem-estar da população e a
           são uma constante, especialmente em grandes aglomerações   redução das desigualdades, especialmente na prestação dos
           de países em desenvolvimento. As novas tecnologias deve-  serviços públicos. É para construir esse futuro e tornar essas
           rão baratear o transporte de massa, reduzindo a demanda   previsões uma realidade que nós, do Ministério da Ciência,
           por veículos individuais; modelos de negócio baseados em   Tecnologias e Inovações, trabalhamos diariamente. n

           outubro/novembro/dezembro                                                                        43
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