Page 9 - Revista EAA - Edição 91

Um olhar atento à história verá que o Brasil vem traba-
lhando com combustíveis renováveis desde 1925 e que o pró-
prio Henry Ford já vislumbrava o etanol como o combustível
do futuro. O Proálcool é de 1975, e é um marco importante
na evolução do tema. Em 1986 foi instituído o Programa da
Poluição do Ar por Veículos Automotores (Proconve), que
estabelece limites de emissão de óxidos de nitrogênio (NOx)
e Material Particulado (MP) significativamente menores
que os atuais. Um grande ganho ambiental para as cidades,
em termos de poluentes locais (NOx e MP) e para os GEE Um gráfico do IPCC mostra que, se as emissões de gases
globais no caso do CO . A introdução da tecnologia flexfuel de efeito estufa continuarem na taxa atual, a temperatura
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em 2003 trouxe um aumento da participação do etanol em da Terra provavelmente ultrapassará o limite de 1,5 ° C até 2040.
relação à gasolina na categoria de veículos leves. Desde então
o incremento desses veículos na frota circulante tem contri-
buído sobremaneira na geração de crédito de carbono. rodoviário/urbano, aéreo, ferroviário, aquaviário, o transporte
Globalmente, o Brasil não se destaca no desenvolvimento no agro, as condições de infraestrutura e intermodalidade e a
de soluções disruptivas para a mobilidade, mas soluções locais estruturação para regulação das rotas propostas. No terceiro
continuam surgindo. Veículos com propulsão híbrida elétrica à e último nível são feitas combinações matriciais entre os dois
base de etanol são exemplos recentes. Esse conceito associa os níveis anteriores. Trata-se de um processo de cocriação com-
benefícios da eletrificação a uma emissão de CO mais neutra. plexo e multidisciplinar.
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Precisamos continuar evoluindo, e o uso de biocombustíveis (na A SAE BRASIL estrutura o conhecimento de centenas
proporção adequada) ou de óleos vegetais hidrogenados (HVO) de voluntários através de uma matriz de conhecimento em
são soluções que permitem uma rápida descarbonização. que o conhecimento evolui de forma orgânica e em rede,
As soluções globais e regionais precisarão coexistir. Cada crescendo exponencialmente. Os voluntários são organiza-
uma será mais apropriada no curto, médio ou longo prazo e dos em Mentorias que abrangem todos os modos de trans-
nos diferentes mercados aos quais se aplique. Há um incon- porte, de propulsão e todos os sistemas de apoio para a mobi-
tável número de variantes e de cenários alternativos. Tudo lidade acontecer. Mais além, a SAE BRASIL reconhece na
isso carece de conhecimento, debate e de um planejamento Governança Socioambiental (ESG), na inclusão social e nos
estratégico minucioso e complexo. processos de educação das novas gerações, uma necessida-
O Programa Combustível do Futuro, lançado pelo go- de basilar para o desenvolvimento de um futuro sustentável
verno federal, através da Resolução nº 6 e nº 7, em 20 de abril para a manutenção da vida no planeta.
de 2021, compõe uma iniciativa importante para a estrutu- A partir desta visão estratégica a entidade está interagin-
ração das estratégias nacionais de descarbonização. A SAE do com os setores técnicos do governo, para contribuir com
BRASIL está se dedicando a ele em profundidade. os marcos regulatórios adequados para a definição dos com-
A visão da entidade parte de um primeiro nível de es- bustíveis do futuro. n
truturação em que a taxa de emissão de CO é avaliada na
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rota que passa por produção, transporte, armazenamento e *Camilo Adas é Presidente da SAE BRASIL
uso do combustível, o “ciclo do poço à roda”. Num segundo *João Irineu Medeiros é Diretor na Stellantis, responsável pela
nível são avaliados os diferentes modos de transporte, ou seja, Compliance de Produto no mercado América Latina

julho/agosto/setembro 9