Page 13 - Revista EAA - Edição 91
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Figura 1: evolução da venda de veículos leves no Brasil por tipo de combustível. Dados extraídos da Anfavea.
do a ocupar 90% da produção de veículos. No final dos anos um grupo de empresários, que conhecia a tecnologia Flex
1980, a produção de etanol crescia rapidamente, e o preço desenvolvida no Brasil pela Bosch desde 1994, liberou a
do petróleo já havia se regularizado, tornando a perspectiva venda de veículos Flex. E desde então, com os avanços das
da manutenção do mix de 90% de carros a álcool no merca- evoluções de custos pelo ganho de volume e criação do veí-
do insustentável. Quando um acidente de percurso no pla- culo popular, com redução de impostos para os motores 1.0
nejamento de produção de etanol pela Petrobras Distribui- vemos o mercado brasileiro ampliar seus volumes de pro-
dora, somado aos preços do açúcar no mercado externo, fez dução tornando-se a quarta maior produtora de veículos no
dos usuários dos veículos a etanol reféns da falta do E100 mundo ao final de 2010.
nos postos de combustíveis. O que inverteu a tendência.
O biodiesel começa a aflorar
seguindo a experiência
ANOS 1990 Fazendo a produção de gasolina crescer no
começo dos anos 1990, ao mesmo tempo que o Proconve de sucesso do etanol
instituiu as novas leis de emissões e o presidente Fernando No final de 2003 aprova-se finalmente o marco legal de
Collor abriu o mercado, trazendo produtos modernos e mar- previsibilidade para o biodiesel, que trazia uma visão de
cando o final das carroças, dos carburadores e o início do uso participação na mistura com o diesel fóssil incremental,
da eletrônica para a garantia das emissões veiculares, entre atingindo 5% no final dos anos 2000 e continuando a cres-
outras vantagens para os veículos novos. Podemos ver como cer até 10% em 2019, com a possibilidade de chegar aos
o mercado reagiu, triplicando o volume de vendas de veí- 15%, ou mais, em 2025, permitindo variações acima do
culos no Brasil durante os anos 1990, criando o Plano Real limite mínimo. Esta é uma experiência que prevê a parti-
em 1994 e colocando a inflação de mais de 30% ao mês sob cipação de diversas fontes de biomassa, que promoveu um
controle. Porém, em 1998, vemos todos os esforços ruírem desenvolvimento do agronegócio nacional com apoio da
pela desconfiança mundial nos países emergentes, devido à Embrapa e de universidades, que tiveram papel fundamen-
crise russa que nos pegou em cheio, com dívidas pesadas e a tal no aumento da eficiência e do uso do solo.
balança comercial desfavorável pelo petróleo. Isso nos levou
à década perdida, em que tivemos que achar uma forma de
colocar a casa em dia, vendendo ativos e colocando as bases
da economia em ordem.
ANOS 2000 Iniciando com uma perspectiva de estabi-
lidade financeira e mudanças de governo promissoras, que
trouxeram vigor e confiança dos mercados externos, que,
por sua vez, investiram pesadamente nas indústrias de di-
versos segmentos, quando no final de 2002, numa tentativa Figura 2: participação do biodiesel
de se eliminar o veículo a etanol nas linhas de produção, na mistura com o diesel fóssil.
julho/agosto/setembro 13