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PONTO DE VISTA





                                             A capacitação na gestão do
                                             conhecimento como um diferenciador

                                             para a melhoria da produtividade



                                             Esse é um de meus temas favoritos e, para nos mantermos atualizados, é necessário
                                             um acompanhamento “corpo a corpo” das tendências do mercado e, por sua vez, das
                                             tecnologias que serão utilizadas na manufatura dos produtos. Entretanto, sem capacitação,
                                             sequer podemos dar o primeiro passo.
                                                Não me refiro ao que aprendemos na escola, mas sim a esta “nova Revolução
                                             Industrial” que estamos sendo submetidos. Em outras palavras, a “Indústria 4.0”, que
                                             significa, resumidamente, uma visão da automação industrial.
                                                Para acompanhar essa onda de novas tecnologias, que estão sendo incorporadas do
                                             projeto do produto aos processos de manufatura, as organizações precisam compreender
                                             essa transformação e criar os meios adequados para conectar esse conhecimento à sua
                                             força de trabalho.
                                                Quando capacitamos um soldador, não podemos mais nos ater apenas à questão
                                             do “derreter o arame”, mas sim apresentá-lo ao robô e tudo que encerra uma célula
                                             de soldagem, trazendo de imediato uma carga de conhecimentos requeridos em
                 GYORGY HENYEI JUNIOR é diretor   mecatrônica. Por sua vez, um montador de produção não deve aprender apenas a “apertar
                 regional da Seção São Carlos e
                                             parafusos”, mas ser apresentado a diversos tipos de chave de torque, as quais requerem
                  Piracicaba da SAE BRASIL,
                                             conhecimentos de pneumática. Um pintor de produção, não mais “joga tinta na peça”,
                 membro do comitê de Logística,
               Manufatura e Qualidade da SAE   mas está cercado de novos processos de pintura, que vão desde a química no preparo de
                BRASIL e gerente de Inovação e   um banho de fosfato para a limpeza das peças à aplicação de tecnologias de ponta, como a
             Sistema de Produção Caterpillar, na   nanotecnologia. Tudo isso sendo costurado pela informática e automação dos processos.
               subsidiária brasileira de empresa
                                                Essa revolução já está em nosso dia a dia, e a escola tradicional não dá mais conta
                                             dessa realidade. Instituições como Senai, entre outras, procuram acompanhar de perto
                                             essas inovações, e as empresas, por meio de suas áreas de capacitação, precisam estar
                                             prontas, ou melhor, precisam estar à frente, para garantir que seus colaboradores estejam
                                             prontos para executar com qualidade e segurança as operações de produção e, ainda,
                                             serem competitivas como uma condição de sobrevivência.
                                                Para ilustrar a questão da gestão do conhecimento e, por admirar a cultura oriental,
                                             cito Taiichi Ohno, criador do “Just In Time” e do “Sistema Toyota de Produção”, que
           ESSA REVOLUÇÃO JÁ ESTÁ EM         por meio da gestão do conhecimento, com o objetivo de eliminar os desperdícios, criou o
           NOSSO DIA A DIA, E A ESCOLA       “autonomation”, a sinergia entre a automação com a sensibilidade do toque humano.
             TRADICIONAL NÃO DÁ MAIS            Na busca da melhoria da produtividade e da competitividade, precisamos criar as
               CONTA DESSA REALIDADE         condições para formar os profissionais com profunda expertise, os quais, por terem
                                             passado tempo suficiente em suas funções, passam a compreender com profundidade
                                             as suas atividades, tornando-se multiplicadores de conhecimento tácito. Assisti a um
                                             programa sobre Audi, na Alemanha, onde é produzido o R8 Spyder, que enfatiza a
                                             importância dos “mais experientes”, com o objetivo da comunicação do conhecimento
                                             tácito.
                                                Também não poderia deixar de citar o importante papel da SAE BRASIL nessa
                                             transformação que, por intermédio dos eventos de suas seções regionais, do congresso
                                             anual SAE BRASIL, cursos, seminários, da vasta e rica literatura técnica e do networking,
                                             vem cumprindo seu papel na capacitação dos atuais e futuros engenheiros ligados à
                                             tecnologia da mobilidade.
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