Page 66 - Revista EAA - Edição 62
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PONTO DE VISTA
A capacitação na gestão do
conhecimento como um diferenciador
para a melhoria da produtividade
Esse é um de meus temas favoritos e, para nos mantermos atualizados, é necessário
um acompanhamento “corpo a corpo” das tendências do mercado e, por sua vez, das
tecnologias que serão utilizadas na manufatura dos produtos. Entretanto, sem capacitação,
sequer podemos dar o primeiro passo.
Não me refiro ao que aprendemos na escola, mas sim a esta “nova Revolução
Industrial” que estamos sendo submetidos. Em outras palavras, a “Indústria 4.0”, que
significa, resumidamente, uma visão da automação industrial.
Para acompanhar essa onda de novas tecnologias, que estão sendo incorporadas do
projeto do produto aos processos de manufatura, as organizações precisam compreender
essa transformação e criar os meios adequados para conectar esse conhecimento à sua
força de trabalho.
Quando capacitamos um soldador, não podemos mais nos ater apenas à questão
do “derreter o arame”, mas sim apresentá-lo ao robô e tudo que encerra uma célula
de soldagem, trazendo de imediato uma carga de conhecimentos requeridos em
GYORGY HENYEI JUNIOR é diretor mecatrônica. Por sua vez, um montador de produção não deve aprender apenas a “apertar
regional da Seção São Carlos e
parafusos”, mas ser apresentado a diversos tipos de chave de torque, as quais requerem
Piracicaba da SAE BRASIL,
conhecimentos de pneumática. Um pintor de produção, não mais “joga tinta na peça”,
membro do comitê de Logística,
Manufatura e Qualidade da SAE mas está cercado de novos processos de pintura, que vão desde a química no preparo de
BRASIL e gerente de Inovação e um banho de fosfato para a limpeza das peças à aplicação de tecnologias de ponta, como a
Sistema de Produção Caterpillar, na nanotecnologia. Tudo isso sendo costurado pela informática e automação dos processos.
subsidiária brasileira de empresa
Essa revolução já está em nosso dia a dia, e a escola tradicional não dá mais conta
dessa realidade. Instituições como Senai, entre outras, procuram acompanhar de perto
essas inovações, e as empresas, por meio de suas áreas de capacitação, precisam estar
prontas, ou melhor, precisam estar à frente, para garantir que seus colaboradores estejam
prontos para executar com qualidade e segurança as operações de produção e, ainda,
serem competitivas como uma condição de sobrevivência.
Para ilustrar a questão da gestão do conhecimento e, por admirar a cultura oriental,
cito Taiichi Ohno, criador do “Just In Time” e do “Sistema Toyota de Produção”, que
ESSA REVOLUÇÃO JÁ ESTÁ EM por meio da gestão do conhecimento, com o objetivo de eliminar os desperdícios, criou o
NOSSO DIA A DIA, E A ESCOLA “autonomation”, a sinergia entre a automação com a sensibilidade do toque humano.
TRADICIONAL NÃO DÁ MAIS Na busca da melhoria da produtividade e da competitividade, precisamos criar as
CONTA DESSA REALIDADE condições para formar os profissionais com profunda expertise, os quais, por terem
passado tempo suficiente em suas funções, passam a compreender com profundidade
as suas atividades, tornando-se multiplicadores de conhecimento tácito. Assisti a um
programa sobre Audi, na Alemanha, onde é produzido o R8 Spyder, que enfatiza a
importância dos “mais experientes”, com o objetivo da comunicação do conhecimento
tácito.
Também não poderia deixar de citar o importante papel da SAE BRASIL nessa
transformação que, por intermédio dos eventos de suas seções regionais, do congresso
anual SAE BRASIL, cursos, seminários, da vasta e rica literatura técnica e do networking,
vem cumprindo seu papel na capacitação dos atuais e futuros engenheiros ligados à
tecnologia da mobilidade.
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