Page 66 - Revista EAA - Edição 63

PONTO DE VISTA

Novas medidas econômicas,

expectativas para a indústria

E 2015 começou com o lançamento de um novo pacote de medidas do
governo. Pacote de arrocho, contenção de despesas, redução de subsídios,
aumento dos juros, da energia elétrica e dos combustíveis. Os otimistas
acreditam em um pequeno crescimento do mercado e os pessimistas,
em uma pequena queda.
Diante desse cenário incerto quanto ao crescimento contínuo
projetado por muitos no passado, aumentam também as dúvidas dos
investidores globais, que são as grandes empresas que direcionam suas
estratégias a países que apresentam boas perspectivas de crescimento,
economia estável e políticas para melhorar sua infraestrutura. Países que
aumentam a competitividade e se tornam, além de mercados consumi-
dores em alta escala, grandes exportadores.
Na contramão de nações que adotam sólidas estratégias de cresci-
mento está o Brasil. Nos últimos anos, medidas protecionistas foram
ALESSANDRO BAGNI é Diretor adotadas acreditando que o mercado interno sustentaria o crescimento
Comercial Assistente da Aethra da indústria local. Aumentaram-se os tributos para a importação de
Componentes Automotivos e
Diretor da Seção Minas Gerais alguns bens e reduziram-se os mesmos para produtos locais. Concessões
da SAE Brasil a setores mais fortes da economia e imposição de burocracia às pequenas
e médias empresas. Estas, cada vez com mais dificuldades para obter
rentabilidade, cumprir com os compromissos e o mais importante, pros-
pectar, investir e crescer.
Entidades se mobilizam criando programas específicos para comba-
ter problemas que atingem tamanhos diferentes de organizações. Pedem
apoio e crédito facilitado a instituições financeiras e, simultaneamente,
procuram o governo com propostas para aliviar exigências e carga tribu-
tária dos setores que elas representam.
O governo lança programas como o Inovar-Auto
e cria um degrau tributário entre fabricantes que es-
AUMENTARAMSE tão instaladas no país e importadoras. Existem pontos
OS TRIBUTOS PARA A positivos, e um deles é a obrigatoriedade de investimento
IMPORTAÇÃO DE ALGUNS em pesquisa e desenvolvimento. A engenharia brasileira
BENS E REDUZIRAM agradece. O que não é muito positivo é a obrigatoriedade
SE OS MESMOS PARA de comprar de fornecedores locais. Ações deveriam ser
PRODUTOS LOCAIS tomadas para tornar as indústrias locais mais competiti-
vas e, além de abastecer o mercado interno, se tornarem
potenciais exportadoras.
Enfim, para quem acredita que o Brasil continuará crescendo, mes-
mo com um governo que manipula a economia em função do calendá-
rio político, é se preparar para superar grandes desafios. O Brasil tem
realmente um grande mercado interno e indústrias que são capazes de
se reinventar e superar momentos até piores do que este que estamos
vivendo, mas não é bom colocá-las sempre à prova.

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