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PONTO DE VISTA


                                            Eficiência energética dos veículos

                                            pesados e investimentos em

                                            infraestrutura para redução de CO                               2



                                            A eletrificação veicular, como estratégia de redução do acúmulo de CO2 na
                                            atmosfera, vem recebendo forte atenção na Cummins, onde investimos no
                                            desenvolvimento de produtos e sistemas start/stop (desligamento/partida
                                            automática do motor nas paradas); aplicações híbridas e ônibus eletrificados.
                                            Porém, é inegável que os veículos elétricos ainda são proibitivamente caros e
                                            precisam de um tempo razoável para se tornarem competitivos, especialmente
                                            em aplicações mais severas, como caminhões e veículos fora–de-estrada.
                                            Adicionalmente, é preciso evoluir no desenvolvimento de um sistema de geração
                                            de eletricidade que seja barato, seguro, emita pouco CO2 e tenha capacidade
                                            suficiente para suprir a maior demanda. Durante esta transição (e mesmo
                                            após, para vários nichos) o motor de combustão interna (MCI) manterá seu
                                            protagonismo e precisamos seguir no seu aperfeiçoamento.
                                              Boa parte da sociedade desconhece, mas a aplicação de tecnologias disponíveis
                        Luis A D Pasquotto  para motores diesel de caminhões pesados já viabiliza um nível de emissões de
                      é presidente mundial da  NOx e Material Particulado quase nulo (98% menos comparado aos anos 90).
                  Cummins Inc e presidente no  A redução do CO2 tornou-se assim a “bola da vez”, exigindo que combustíveis
                  Brasil, Membro do Conselho  com menos carbono em suas moléculas (biocombustíveis) sejam consumidos
                   Superior da SAE BRASIL,  com mais eficiência nos MCIs. Mas não é só isso.
                 Vice-Presidente da AmCham    Lançado em 2012, o programa Inovar-Auto fixou metas de eficiência
               Brasil e Membro do Conselho de  energética para automóveis, promovendo reais melhorias desde então.
                  Administração do Sindipeças  Infelizmente o programa não considerou veículos comerciais e fora de estrada.
                                              É imperioso que passemos a legislar esses segmentos, os quais têm
                                            características distintas dos automóveis, e entre si. Aplicações comerciais
                                            “vocacionais”, por exemplo, tipicamente operam em baixas velocidades médias e
                                            cumprem modestas quilometragens anuais. Nestas, o maior potencial de redução
                                            de CO2 está mesmo no motor, e faz mais sentido pensar em metas de geração
                   A redução do CO 2        de CO2 em g/Hp-hr, e não em g/km. Por outro lado, aplicações “estradeiras”
                     tornou-se assim        transportam cargas a longas distâncias e em velocidades maiores e mais constantes,
                      a “bola da vez”       fazendo mais sentido pensar em g/t•km. O potencial de redução de CO2
                                            vinculado ao motor ainda é grande e estimado em até 40% do total, com várias
                                                                                                           (1)
                                            oportunidades a serem exploradas. Porém, fatores ligados ao projeto do veículo
                                            representam outros 30%, e os cerca de 30% complementares dividem-se entre a
                                                                           (3)
                                                           (2)
                                            operação das frotas  e a infraestrutura , algo pouco discutido mas muito relevante.
                                              Precisamos, assim, de legislações urgentes de eficiência energética para
                                            veículos pesados tanto vocacionais quanto estradeiros, que holisticamente forcem
                                            a excelência completa ao estipular padrões específicos e separados para motores
                                            e para os demais sistemas veiculares. Mais do que isto, precisamos de políticas
                                            público-privadas que estimulem o uso de biocombustíveis, promovam a eficiência
                                            na operação das frotas e, sobretudo, o desenvolvimento de uma infraestrutura
          (1) Veículo: aerodinâmica, peso, pneus, integra-
          ção eletrônica do motor com o veículo etc.    favorável à redução de CO2 no país.
          (2) Operação: treinamento do motorista, manu-  Além do benefício ambiental, o efeito colateral disso seria a maior competiti-
          tenção, velocidade média, peso por HP etc.    vidade técnica e o adensamento da indústria automobilística nacional, facilitando
          (3) Infraestrutura: congestionamentos, condi-
          ções do pavimento, pistas exclusivas, limites de   exportações, e protegendo seu mercado contra a invasão de produtos menos
          velocidade etc.                   qualificados, não com barreiras tarifárias mas, sim, tecnológicas e sustentáveis.

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