Page 15 - Revista EAA - Edição 98
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FOTOS DIVULGAÇÃO
O consumo anual desses ímãs pode ser estimado em 150 mil toneladas,
valor relativamente pequeno em termos mundiais
Lynas optou por concentrar as terras-raras na Austrália Geological Survey reconheceu a dimensão das reservas
e instalar a planta de separação na Malásia, deixando brasileiras, houve uma renovação do interesse acadêmi-
por lá o tal rejeito. Essa solução tem enfrentado muitos co sobre o assunto dos ímãs no Brasil. A Certi, centro
problemas com sucessivos governos locais, gerando duas de pesquisas catarinense, reuniu empresas interessadas
alternativas, a construção de uma planta de separação e vários grupos de pesquisa para investigar as diferentes
na Austrália e outra nos EUA e o possível abandono, tecnologias dessa cadeia produtiva. Em 2018 o CNPq
em 2023, do investimento de 3 bilhões de dólares na aprovou a criação de uma rede de pesquisas, o INCT
Malásia (essa ameaça faz parte do relatório Lynas do ‒Terras-raras, com foco nesse tema. Considerando que
primeiro semestre de 2023). a mineração é um assunto de domínio empresarial, os
A separação química dos óxidos de neodímio e dis- grupos de pesquisa têm se dedicado às etapas de con-
prósio a partir da mistura de óxidos presentes no con- centração, separação, redução, fabricação das ligas, fa-
centrado é a etapa mais crítica da cadeia produtiva. É bricação dos ímãs. Centro de Tecnologia Mineral (Ce-
onde ocorre a maior agregação de valor. É onde se dá o tem-RJ), Centro de Desenvolvimento da Tecnologia
maior investimento. Sem essa etapa, é impossível ima- Nuclear (CDTN-MG), Universidade Federal de Cata-
ginar a viabilidade de uma cadeia produtiva no Brasil. lão (UFCat-GO), Universidade Federal do Amazonas
Não há hoje uma opção. A Rhodia-Solvay poderia ser (Ufam-AM), Universidade Federal de Santa Catarina
um parceiro para isso. A Rhône-Poulenc foi a maior se- (UFSC-SC) e, em São Paulo, o Instituto de Pesquisas
paradora de terras-raras do mundo, até os chineses do- Tecnológicas (IPT), o Instituto de Pesquisas Energéti-
minarem o mercado. cas e Nucleares (Ipen) e a Universidade de São Paulo
Logo depois do pico de preços de 2011, quando o US (USP) têm grupos de pesquisa envolvidos.
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