Page 6 - Revista EAA - Edição 64
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ARTIGO





           Clean Diesel, ilustre



           desconhecido. Ainda!





           China e Índia vivem explosão econô-  40 ANOS DE PROIBIÇÃO           to com efeito político. Atendendo às
           mica e industrial já há mais de uma   DEIXARAM O PAÍS FORA DOS      demandas de partidos ambientalis-
           década e, hoje, com crescimento ron-  AVANÇOS TECNOLÓGICOS          tas e da sociedade, o governo francês
           dando os dois dígitos. As imagens das   OCORRIDOS GLOBALMENTE       anunciou, recentemente, medidas que
           suas grandes cidades estampadas nos   LUSO M. VENTURA*              tendem, a médio e longo prazos, mi-
           jornais do Ocidente dão a dimensão                                  nimizar o impacto ambiental dos au-
           dos problemas ambientais que en-                                    tomóveis por lá.
           frentam. O horizonte desapareceu, os                                   No fim do ano passado, a prefeita
           dias são invariavelmente cinzas e, cer-                             de Paris, Anne Hidalgo, veio a pú-
           tamente, os efeitos da poeira em suspensão e das emissões de óxidos de nitrogê-  blico dizer ter sido um erro a opção
           nio (NOx) vem sendo sentidas de forma inexorável pela população. Agora, final   de privilegiar a motorização Diesel
           de março de 2015, notícias de Paris – acompanhadas de imagens inesperadas   naquele país. Ao mesmo tempo, afir-
           – estão nos jornais. No centro, a torre Eiffel aparece tímida, descolorida, quase   mou que em breve seria anunciado
           apagada. Nas ruas impera, como aqui, o rodízio dos veículos. Problemas seme-  um plano visando criar zonas de bai-
           lhantes nos três países: material particulado e NOx e em nenhum os veículos   xa poluição na cidade onde os carros
           representam a principal fonte.                                      a diesel não teriam permissão para
             O uso do diesel tem sido incentivado na França como parte da política de   circular. A frota de veículos francesa
           redução das emissões de gases de efeito estufa e de estímulo à economia de com-  tem idade média de 8,5 anos, elevada
           bustível. Como consequência, quase 80% da frota francesa de carros é movida a   para os níveis europeus. Isso significa
           diesel atualmente. Nada mais natural que neles concentrar ações de saneamen-  que alguns milhões de carros são an-
                                                                               tigos, sem as soluções mais modernas
                                                                               que garantem baixos níveis de emis-
            Figura 1. Redução do material particulado                          são de poluentes. Figura 1.
                                                                                  A reação foi imediata. A França é
              As emissões de material particulado (PM10) caíram 96% dos limites Euro 1
              para Euro 6, e hoje são equivalentes a um grão de areia por km rodado  um país com tradição diesel e centro
                                                                               de excelência na aplicação de tecno-
                                                                               logias avançadas. O Comitê de Fa-
                                                                               bricantes Franceses de Automóveis
                                                                               (CCFA) condenou a posição da sra.
                                                                               Hidalgo cobrando ações baseadas em
                                                                               critérios mais objetivos. Indicou ain-
                                                                               da que a renovação da frota da cida-
                                                                               de traria benefícios consistentes para
                                                                               a qualidade do ar. Ou seja, ao não se
                                                                               distinguir o veículo novo do velho,
                                                                               atacando-se simplesmente o diesel e
                                                                               desprezando-se todas as conquistas
                                                                               recentes na redução de emissões que
                                                                               levaram ao chamado clean Diesel, es-
                                                                               tava ignorando o plano de redução de
                                                                               emissões do país, que vem baixando


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