Page 59 - Revista EAA - Edição 66
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brados e o assoalho inferior estava inu- em uma redução de marcha o carro parou e começou a sair fumaça pelo esca-
tilizado, ou seja, um dia e uma noite pamento. As especulações sobre o que havia acontecido eram as mais diversas,
para consertar esses “detalhes”. Dividi- até que abrimos o cárter e verificamos que uma das bielas havia sido danificada.
mos a equipe em turnos, e trabalhamos Perdemos o autocross – menos 150 pontos –, e no outro dia nos esperavam as
intensivamente para que o protótipo provas de resistência (endurance) e consumo de combustível (fuel efficiency), que
estivesse pronto para representar o significavam 550 pontos de um total de 1.000.
Brasil na competição internacional. Após meses de trabalho, empenho, investimento da nossa instituição, da SAE
Quando chegamos ao aeropor- BRASIL, dos patrocinadores, apoiadores e dos nossos próprios integrantes e
to de Lincoln, local previsto para o professores, deixar de correr o enduro não nos parecia uma opção. Foi com esse
evento, começamos a ter a real di- pensamento que, após uma noite em claro, um virabrequim danificado e canais
mensão do evento. Presentes, equi- de lubrificação vedados por uma abraçadeira (sim), um bloco trincado reparado
pes de países como Estados Unidos, com cola especial, comando de válvulas literalmente esmerilhado e um pistão a
Canada, Índia, México e Japão, que menos, a equipe novamente fez com que o Celeris estivesse pronto para a próxi-
apontavam para culturas diferentes, ma prova. E começamos a prova, com nosso protótipo movendo-se com apenas
tecnologias diferentes, oportunida- três cilindros. Não era evidentemente uma manobra de downsizing, mas foi o
des diferentes, e ainda assim estáva- nosso melhor artifício. Entretanto, com a vibração de um motor assustadoramen-
mos lá para competir de igual para te desbalanceado, no início da terceira volta o carro parou. Não havia mais o que
igual. Ainda que em outros lugares pudéssemos fazer.
do mundo se possa ter maior facili- O 43º lugar na geral ficou um tanto distante da nossa pretensão inicial,
dade de fabricação, o que leva uma chegar entre os 10 primeiros, mas certamente, depois de tantos dilemas, foi
equipe à diante é a sua organização e uma experiência de grande valia. No FSAE West Lincoln 2015, a equipe Fór-
o empenho de cada integrante. mula UFSM teve sua maior prova de superação, foi quando pudemos perceber
Iniciadas as provas estáticas, tudo o quanto um time pode ser capaz quando a vontade é maior do que a dificul-
ocorreu como esperávamos. Conse- dade. Fomos para vencer e voltamos como vencedores. “Valeu a pena deixar o
guimos passar pelas inspeções, prati- Top 10 para o ano que vem.” n
camente sem precisar de repetições –
incluindo o teste de ruídos, prova que
A classificação ficou aquém das
preocupava todas as equipes devido
pretensões iniciais, mas mostrou a
a uma mudança de regulamento. As
capacidade de superação do time
apresentações de projeto foram muito
bem-sucedidas, com notas acima da
média da competição. Os detalhes que
deixaram a desejar em cada apresen-
tação foram comentados pelos juízes,
para que cada subsistema pudesse tra-
balhar para aprimorar o seu conjunto.
Passamos para as provas dinâmi-
cas – aceleração e skidpad –, e fomos
para o treino que precedia a prova
de autocross. Nesse momento per-
cebemos as grandes dificuldades que
teríamos para atingir nosso principal
objetivo: ficar entre os dez melhores
do evento. Devido, acredito às condi-
ções de aderência significativamente
diferentes do que encontramos aqui
no Brasil (temperatura ambiente, ca-
racterísticas do solo, pneus novos etc.),
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