Page 20 - Revista EAA - Edição 82
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TRANSFORMAÇÃO DIGITAL


                              Indústria 4.0:

                              integração sem limites




                              O tema é amplo, e está em desenvolvimento exponencial.
                              São conceitos que não mudam apenas como fazemos, mas como somos,
                              determinando fronteiras totalmente desconhecidas    Camilo Adas*



                              Atuar no mundo da mobilidade sempre envol-
                              veu conceitos variados. Não é mais suficien-
                              te estudar a tradicional gestão de projetos por
                              Quality Gates, é preciso saber se métodos Agile
                              podem ser mais apropriados para o sucesso de
                              um projeto. Debater condução autônoma im-  •  1784 – Primeira Revolução – “Tear Mecâ-
                              plica conhecer as tecnologias de conectividade.   nico” – Introdução da produção mecanizada,
                              Definir o sistema de propulsão de um veículo   com equipamentos movidos a água ou vapor
                              exige avaliar a eficácia de vários ciclos de geração   (entre os séculos XVII e XVIII);
                              de energia. Na mobilidade de hoje, o processo  •  1870 – Segunda Revolução – “Linha de
                              produtivo, assim como as tecnologias de desen-  Produção em Matadouro em Cincinnati” –
                              volvimento de produto, envolve múltiplas áreas   Baseada na produção em massa (Século XIX);
                              de conhecimento. Da mesma forma a “Indústria  •  1969 – Terceira Revolução – “Primeiro Con-
                              4.0” é um tema transversal a várias disciplinas.  trolador Lógico Programável - MODICON”
                                A ideia original nasceu na Alemanha, na   – Uso da eletrônica e TI para automação da
                              Feira de Hannover, em 2011 e foi consolidada   produção (meados do século XX).
                              em 14 de abril de 2013, através do relatório fi-  Os níveis um e dois têm aspecto meramen-
                              nal intitulado  Umsetzungsempfehlungen  für  das  te histórico, já os conceitos ligados ao terceiro
                              Zukunftsprojekt Industrie 4.0. (Recomendações  nível são contemporâneos e é fundamental oti-
                              de Implementação para o Futuro Projeto In-  mizá-los ao máximo, antes de considerar inves-
                              dústria 4.0) Nestes trabalhos já se previa fortes  timentos ligados à Indústria 4.0, sob o risco de
                              mudanças para os anos seguintes, onde novos  utilizar alta tecnologia cibernética num modelo
                              modelos de negócios se tornariam possíveis  produtivo ineficaz.
                              com base em sistemas ciberfísicos, os quais fa-  Não vamos detalhar a Indústria 3.0, mas vale
                              riam a conexão completa desde o sensoriamento  citar Paul Markillie (1) em artigo publicado em
                              até a internet das coisas. Uma interação entre  abril de 2012 no The Economist. Nele, o jornalista
                              meios mecânicos e eletrônicos permitindo alta  descreve, com entusiasmo, uma série de tecnolo-
                              flexibilidade à tradicional produção em massa,  gias apresentadas na EuroMold de 2011, eviden-
                              introduzindo métodos de auto-otimização, au-  ciando como as fábricas estão se tornando muito
                              toconfiguração, autodiagnóstico e cognição para  mais eficientes, graças às fresadoras automatiza-
                              melhor assistir e auxiliar as pessoas em seu tra-  das que podem trocar suas próprias ferramen-
                              balho, em processos cada vez mais complexos.  tas, junto com robôs equipados com sistemas
                              Em março de 2015, o  Bundesministerium für  de visão e outros sensores, fazendo referência a
                              Wirtschaft und Energie (Ministério da Econo-  ganhos de produtividade, à medida que a auto-
                              mia e Energia) lança o manual “Industrie 4.0” e  mação avança. Ao mesmo tempo ele enfatiza as
                              assume autoridade pública na coordenação da  características das empresas do Japão, focando
                              plataforma na Alemanha.                  em técnicas de produção enxuta, baseadas em
                                É importante se ter noção sobre quais são os  pessoas, mais do que nas máquinas, como forma
                              três níveis antecedentes à Indústria 4.0, através  de vantagem competitiva. Ora, Markillie não sa-
                              dos seus principais marcos:              bia que ao mesmo tempo  em que ele evidenciava
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