Page 27 - Revista EAA - Edição 92
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Anos                      60+                      70+                      80+

                     2020                     29 857                   12 961                   4 159
                     2030                     42 242                   20 128                   6 538
                     2040                     54 663                   28 827                   10 563

                     2050                     67 361                   37 291                   15 376
                     2060                     76 069                   46 122                   20 079
                     2070                     79 237                   51 617                   25 185
                     2080                     78 882                   52 671                   27 948

           Fonte: https://population.un.org/wpp2019/Download/Probabilistic/Population/






             Um estudo divulgado pelo Instituto de Pesquisa Eco-  Neste ponto, se juntarmos as pontas do que os sinais do
           nômica Aplicada (IPEA) em setembro deste ano confirma   futuro nos emitem (por exemplo, envelhecimento da popula-
           que as taxas de fecundidade no Brasil devem seguir tendên-  ção e as questões climáticas) e a incrível capacidade humana
           cia de queda nas próximas décadas. Se as projeções se con-  de inovação, é de se esperar que a projeção urbanística dessas
           firmarem, a população brasileira passará a ter crescimento   cidades considere a transversalidade do desenvolvimento so-
           negativo a partir de 2050. Em 2100, os mais jovens (de 0 a   cial, econômico e ambiental, inclusive no Brasil.
           14 anos) representarão 13% da população, enquanto idosos   O processo para que o cenário do futuro vire realidade
           (considerados aqui acima de 65 anos) serão 30% — hoje,   leva em conta também muitos outros elementos. O termo
           esse grupo representa 9,6% da população.            smart city (cidade inteligente) surgiu na década de 1990, com
           Cidades do futuro: ODS,                             a publicação de The Technopolis Phenomenon: Smart Cities, Fast
                                                               Systems, Global Networks, que estudava o fenômeno do desen-
           smart cities e os modelos                           volvimento urbano sob uma perspectiva tecnocêntrica. Nos
           que vêm de fora                                     anos 2000, novos estudos (comandados pelo professor Rudolf

           O ritmo de desenvolvimento das cidades que consideram   Giffinger) passaram a adotar uma abordagem voltada para um
           os desafios das projeções demográficas ainda não é dos   maior equilíbrio na combinação entre capital humano e social,
           mais desejáveis. O que não significa que nada está sendo   visando a qualidade de vida nas grandes cidades.
           feito. Na Assembleia Geral das Nações Unidas de 2015 foi   Não à toa as principais iniciativas hoje em termos de
           estabelecido um conjunto de 17 objetivos a serem cumpri-  cidade do futuro consideram os elementos de necessidades
           dos até 2030, que ficaram conhecidos como Objetivos de   humanas como princípios norteadores em seus planeja-
           Desenvolvimento Sustentável (ODS).                  mentos. O arquiteto Jan Gehl, autor do livro Cidades para
             Um desses objetivos trata de “tornar as cidades e os   as pessoas, defende que todas as tendências globais devem
           assentamentos humanos inclusivos, seguros, resilientes   ser consideradas, porém com uma abordagem focada nas
           e sustentáveis”. Uma das coisas esperadas para as cidades   pessoas, imaginando como o ambiente construído pode
           do futuro é que elas sejam capazes de colocar em prática   promover o bem-estar e a qualidade de vida. E as cidades,
           tecnologias integradoras que amplifiquem a eficiência e a   desde seu planejamento estratégico até o design, devem ser
           qualidade dos serviços públicos.                    centradas no ser humano.
             Aqui no Brasil, o IPEA tem acompanhado juntamente   Endossando ainda mais o tema, um estudo recente
                                                                                             1
           com o IBGE as metas que integram esse objetivo. Há ain-  publicado pela consultoria Deloitte  apontou 12 tendên-
           da um caminho a percorrer, sobretudo para a necessidade de   cias que devem impactar as cidades do futuro. Baseado em
           se buscar a integração entre as políticas setoriais que afetam   levantamento com especialistas de mais de 40 cidades de
           o desenvolvimento das cidades, uma tendência sem volta de   todo o mundo, algumas das tendências apontadas já podem
           incentivar a transversalidade dos temas ambientais e urbanos.   ser observadas em algumas poucas iniciativas, mas ainda
             https://www.ipea.gov.br/portal/images/stories/PDFs/  é insignificante diante da urgência que o tema demanda.
           livros/livros/190612_cadernos_ODS_objetivo_11.pdf   Confira quais são:

           outubro/novembro/dezembro                                                                        27
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