Page 11 - Revista EAA - Edição 97
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“O avião tem que completar um percurso e entregar a
carga. Entra eletrônica de bordo, computação, controle para FOTOS DIVULGAÇÃO
abrir a portinhola e soltar o peso. Isso significa composi-
ção de várias disciplinas da engenharia como eletrônica, TI,
mecânica, aerodinâmica. Outro requisito da classe Micro é
o avião ser capaz de fazer a decolagem em uma plataforma
suspensa de quatro metros de comprimento, como em por-
ta aviões. Decolar e não cair. Isso é um pouco do que gira a
competição”, explica o engenheiro.
Os projetos são bem profissionais, levando em consi-
deração todas as condições: carga, estrutura, motorização,
peso, controlabilidade, aeroelasticidade etc. É comum o
emprego, pelas equipes, de ferramentas de software de cál- As provas do Baja têm como objetivo é avaliar projetos
culo estrutural e, em alguns casos, de testes em túnel aero- e resistência dos carros, que devem concluir o percurso
sem avarias
dinâmico. Erros de cálculo podem fazer com que um avião
bem levinho sofra pane estrutural e se desmonte em pleno
voo com o impacto mais forte de uma rajada de vento. Du-
rante a competição, os protótipos têm de se comportar de
forma correta, dentro do que prevê o regulamento. Não por
acaso, muitos dos competidores conseguem empregos em
renomadas empresas do setor aéreo, não apenas Embraer,
mas outras de maior ou menor porte.
A SAE BRASIL chegou a fazer pesquisas com ex-par-
ticipantes dos programas estudantis para saber se as com-
petições haviam agregado algum valor em suas carreiras.
Das várias respostas, uma chamou a atenção de Forjaz. Era
a de um engenheiro que sonhava trabalhar na Embraer e
não conseguiu. Mesmo assim ele estava feliz porque é dono
da própria empresa. “Ele disse que lembra com carinho
da competição AeroDesign porque ela lhe ensinou a fazer Hoje as competições reúnem até 1,5 mil estudantes, ninguém
uma coisa que ele faz todos os dias como empresário, que imagina o trabalho que deu para elas se tornarem realidade
é tomar decisões sob pressão. Uma lição que marcou a vida
dele”, conta o engenheiro eletrônico.
Neste legado de quase 30 anos de competições estudan-
tis da SAE BRASIL, o objeto técnico pode ser diferente
tendo a forma de um veículo Baja, Fórmula ou ainda de um
avião ou drone, mas a essência de envolver os participan-
tes numa experiência vivencial de desenvolvimento é algo
transversal a todas as competições. Nesse processo em que
se unem competências técnicas com habilidades compor-
tamentais, contribuímos para que a inserção profissional de
milhares de jovens na sociedade seja repleta de êxito. Como
ex-estudante participante do Baja e ex-professor coordena-
dor de equipe, minha alegria de fazer parte dessa experiên-
cia transformadora é para a vida toda. n
*Daniel W. Zacher é diretor-geral da Tekter Consultoria, membro Wilsinho Fittipaldi analisa o Fórmula SAE da equipe da
do Conselho da SAE BRASIL e mentor agro da SAE BRASIL. Universidade Federal do Rio de Janeiro
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