Page 9 - Revista EAA - Edição 97
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Fórmula SAE                                         AeroDesign
           O Projeto Fórmula SAE foi criado em 1981 e, no Brasil, a   A primeira competição SAE BRASIL AeroDesign acon-
           primeira edição aconteceu em 2004. O objetivo era suprir a   teceu no país em agosto de 1999. Quem conta a história é
           carência de engenheiros especializados em veículos de alta   o engenheiro eletrônico formado no ITA e ex-presidente
           performance, com emprego de tecnologias não exploradas   da SAE BRASIL, Horácio Forjaz, que na época da funda-
           no Baja SAE. Em 2012 foi criada uma segunda versão da   ção da associação, em 1991, era executivo na Embraer. Para
           competição, o Fórmula SAE BRASIL Elétrico. “Lança-  quem não o conhece, Forjaz despendeu grande parte de sua
           mos esta categoria um ano antes dos americanos. Naquela   carreira em atividades de Desenvolvimento e Engenharia
           época quase não se falava em veículo elétrico no Brasil. Nos   e liderou a equipe brasileira que participou do desenvol-
           dois anos seguintes o time brasileiro foi campeão da versão   vimento do software de missão do caça militar AMX, em
           elétrica nos Estados Unidos”, conta o engenheiro mecâni-  parceria com empresas italianas.
           co especializado em engenharia automotiva Leandro Si-
           queira que começou a participar dos programas estudantis
           da SAE BRASIL em 1997. Atualmente, Leandro é vice-
           -presidente de Estratégia, Planejamento e Digitalização na  FOTOS DIVULGAÇÃO
           VW Caminhões e Ônibus.
             “Pelo fato de o Fórmula SAE ser mais complexo e ter
           custos mais elevados, ficamos na dúvida se organizaría-
           mos ou não mais este programa estudantil. Viajamos para
           os EUA com objetivo de participar de uma competição e
           conhecer a dinâmica do evento. Estávamos preocupados
           porque, diferentemente do Baja, cujo motor é padrão, o
           Fórmula SAE não tinha essa limitação, o que poderia fa-
           vorecer escolas com mais recursos financeiros. Havia tam-
           bém uma série de outras regras que precisaríamos adaptar
           ao nosso mercado, como por exemplo o uso do etanol.
           Somado a isso, não queríamos dividir esforços com o pro-
           grama mini-Baja, e sim atrair novos estudantes”, explica
           Siqueira. O Fórmula SAE não tem motor padrão, porém
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           a capacidade volumétrica é limitada a 710 cm . Os estu-
           dantes têm mais liberdade para trabalhar na performance
           e calibração do motor, aerodinâmica e funções eletrôni-
           cas.  Assim  como  os  demais  programas  estudantis,  uma
           equipe de Fórmula SAE tem que desenvolver não só as
           disciplinas técnicas, mas também financeiras, gerenciais,
           marketing, comunicação, gestão, entre outras. No caso do
           Fórmula SAE, além de estudantes de graduação, são per-
           mitidos mestrandos e doutorandos.
             Apesar das dificuldades iniciais, o programa se mostrou
           um grande sucesso. O Brasil passou a participar das provas
           internacionais desde 2005, e a edição em que mais nos des-
           tacamos foi a primeira do FSAE Eletric, em 2013, quando a
           equipe brasileira da Unicamp obteve a maior pontuação de
           uma equipe em todas as competições realizadas no mundo
           todo. No entanto, até chegar nesse estágio, muitas foram as
           dificuldades, a maior delas relacionada com as baterias, que
           não poderiam ser muito pesadas. Estava difícil encontrar   As competições ajudaram a formar profissionais que se tornam
           uma solução até que um apoiador doou 1.100 baterias de   requisitados, em suas áreas, pelas principais indústrias no Brasil
           celular que foram instaladas no veículo para fazer a primei-  e em outros países
           ra demonstração da versão elétrica em 2011.

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