Page 10 - Revista EAA - Edição 102
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PORTOS DO FUTURO


















































            Isso trouxe à baila dúvidas adicionais: desde logo,   tos, observados no último ano, que devem ser analisados
          sobre as condições e normas adequadas para tráfego de   como potenciais tendências para o cenário marítimo e por-
          navios, cada vez maiores, em canais antigos e, por vezes   tuário do futuro próximo: i) aumento dos trajetos percorri-
          com via singela, e, mais amplamente, sobre benefícios   dos por navios de petróleo e grãos; ii) conectividade abaixo
          e riscos do modelo just-in-time, adotado largamente no   dos níveis pré-Covid-19 para transporte de contêineres,
          mundo globalizado.                                 em vários países (especialmente pequenos e isolados); iii)
            Dúvidas não apenas sobre as cadeias de suprimento de-  navios envelhecidos e uma frota em crescimento lento; iv)
          pendentes do Suez, mas também daquelas que fazem uso   fretes de contêineres retornando a níveis pré-pandêmicos
          dos demais gargalos do tráfego marítimo internacional,   (apesar de que voltaram a crescer nesse início de 2024);
          com destaque para os três principais: i) Estreito de Malaca   v) cenário volátil para os fretes de granel sólido; vi) for-
          (passagem marítima natural, 930 km, mais de 100 mil na-  te renascimento dos fretes de petroleiros; vii) melhora do
          vios/ano, 40% do comércio mundial); ii) Estreito de Ormuz   desempenho operacional portuário, após piora durante da
          (natural, 167 km, Golfo Pérsico-Golfo de Omã, um terço   pandemia; viii) perturbações pandêmicas impactando ne-
          do gás natural e um quarto do petróleo mundial – 21 mil   gativamente os congestionamentos, volumes portuários e
          barris/dia, 20% do transporte marítimo mundial); e iii) Ca-  receitas; ix) facilitações no comércio marítimo aumentando
          nal do Panamá (aberto em 1914, 80 km entre os oceanos   o desempenho portuário e a conectividade com o hinter-
          Atlântico e Pacífico, 14 mil trânsitos anuais, 1,25 bilhão de   land; x) novas normas e regulações para facilitar a aceitação
          toneladas em 2020, 6% do comércio mundial).        e uso de Bill of Landing (BL) eletrônico.
                                                                Ao longo da pandemia, outros aspectos foram obser-
          Cenários                                           vados e se tornaram objeto de publicações da UNCTAD
          Na sinopse do mais recente Review of Maritime Transport   e de outras fontes. Por exemplo, grandes redes mundiais
          (RMT) (2023), a UNCTAD destaca dez principais aspec-  e corporações, procurando minimizar danos, contrataram
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