Page 8 - Revista EAA - Edição 102
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PORTOS DO FUTURO




















































            A correlação entre a evolução dos diversos com-  corpo de movimento organizado, até que as reformas por-
          ponentes do processo de globalização não é difícil de   tuárias brasileiras ganharam a possibilidade de um novo
          ser identificada. O aumento da corrente de comércio,   modelo, então balizada pela lei de 1993. Ou seja, dizer-se
          em volume e/ou valor, fez e faz crescer a demanda de   que elas são uma das resultantes, que são filhas legítimas
          portos, por onde passam cerca de 90% do volume do   dos processos de globalização, no plano internacional, e
          comércio internacional. E, isso, mais que proporcio-  do processo constituinte brasileiro dos anos 1980, não se-
          nalmente, pois exportações estão em geral vinculadas a   ria nenhuma impropriedade: uma hipótese que valeria ser
          importações, ou vice-versa, o que significa impactar os   analisada com profundidade, não?
          portos num e noutro sentido.
            Ou seja, para além de sistemas econômicos, regimes  Tempestade e vagalhões

          políticos, idiossincrasias de governantes, composições de   Como segue vivo na mente de quase todo habitante do pla-
          parlamentos ou nível de articulação de setores econô-  neta, é desnecessário aqui detalhar como nossas vidas, nos-
          micos e sociais, na época a globalização impunha uma   sas relações e a forma como nos organizamos socialmente
          razão  objetiva  para  reformas  portuárias:  era  um  driver   foi alterada desde aquele 11 de março de 2020, data em que
          a pressionar por aumento de capacidade e de eficiência,   a Organização Mundial de Saúde (OMS) caracterizou a
          por um lado, e redução de custos, portuários e logísticos,   Covid-19 como uma pandemia planetária.
          por outro. Competitividade era (e é) a palavra de ordem.  De forma direta e/ou indireta, a mais recente pande-
            O Brasil não esteve no pelotão de frente, mas essa pres-  mia atingiu também a economia mundial: não só exigiu
          são também passou a ser sentida por aqui: como que tribu-  pesados programas especiais de governos e de agências
          tários que confluem ao rio principal, tímidas e localizadas   multilaterais, como também desorganizou as estruturas
          iniciativas, em curso desde os anos 1960, foram tomando   produtivas e cadeias de suprimento, concebidas e que
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