Page 57 - Revista EAA - Edição 102
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1.  Para definição do Conselho de Supervisão deve ter   4.   Os trabalhadores afetados pela tecnologia devem re-
               a participação efetiva do OGMO neste processo de    ceber atribuições de trabalho relevantes e suficientes
               decisão, com o apoio técnico, com dados das requisi-  para garantir sua aposentadoria e direitos.
               ções de trabalhadores realizadas no período e plano
               de trabalho dos Operadores Portuários e Terminais na   5.   Nenhum maquinário, equipamento, sistema operacional
               utilização da mão de obra e movimentação de carga;  ou portão de acesso de um terminal, atual ou futuro, será
                                                                   operado por controle remoto fora da área do terminal,
           A reflexão que se faz ao contar esse avanço histórico dos por-  excluindo os trabalhadores amparados pelo acordo cole-
           tos do Espírito Santo é justamente compreender que, apesar   tivo de trabalho assinado pelo sindicato dos portuários.
           dos reflexos imediatos contidos nas mudanças tecnológicas de
           automação, os trabalhadores devem buscam entender o fenô-  6.   A cobertura sindical total e o respeito pela competên-
           meno e se adaptar a essa realidade, por meio da força da ne-  cia dos sindicatos serão mantidos. Não haverá transfe-
           gociação coletiva, utilizando como norte a Convenção n. 137   rência de tarefas de portuários, atuais ou novas, para a
           e a Recomendação n. 145 da Organização Internacional do   gerência ou trabalhadores não sindicalizados.
           Trabalho (OIT), relativas às repercussões sociais dos novos
           métodos de processamento de carga nos portos, as quais pro-  7.   Todas as funções relacionadas a equipamentos e sistemas
           tegem o portuário e as relações de trabalho que o envolvem.   operacionais de terminais serão cobertas por um sindica-
             Para finalizar, apresentamos as orientações do movi-  to de portuários, inclusive todas as novas funções, classifi-
           mento sindical mundial do setor portuário para posiciona-  cações, categorias e/ou empregos criados em decorrência
           mento dos trabalhadores na implantação de novas tecnolo-  da automação ou mudança tecnológica, mesmo quando
           gia e automação nos portos:                             a função for realizada como resultado da automação ou
                                                                   mudança tecnológica. Além disso, todas as funções de
           1.   A automação não pode ser usada como medida de ataque   manutenção serão cobertas pelo sindicato dos portuários
               aos sindicatos. Os portos e terminais precisam garantir   por meio do trabalho sindicalizado.
               que seja um benefício econômico para os trabalhadores
               que empregam e para as comunidades que atendem.  8.   Ausência de controle remoto realizado fora da área de
                                                                   um terminal. As centrais de controle que operam in-
           2.  As propostas de automação de portos têm de ser      ternacionalmente são rejeitadas.
               transparentes do ponto de vista econômico. Todos os
               dados econômicos relevantes precisam estar publica-  9.   Haverá o fim da terceirização de empregos de portuá-
               mente disponíveis. Temos de trabalhar com governos   rios, e os acordos de terceirização existentes voltarão a
               para garantir que as propostas de automação sejam to-  ser competência da força de trabalho dos portuários.
               talmente divulgadas em termos de despesas de capital,
               custo de capital e efeitos econômicos das tecnologias,   10.   Os impactos econômicos e sociais da automação devem
               impactos sobre os empregos, alterações nas obrigações   ser levados em consideração e precisam ser condizentes
               fiscais e aumento da dependência de programas de    com os valores da comunidade. Nenhum financiamen-
               assistência social. Os sindicatos dos portuários con-  to público ou benefício fiscal deve ser concedido aos
               tinuarão protegendo e melhorando as condições dos   operadores de terminais para automação, seja para tor-
               trabalhadores e não vão permitir que os operadores de   ná-los alta ou parcialmente automatizados.n
               terminais prejudiquem as condições nos terminais.

           3.  Todas as medidas precisam ser tomadas para assegurar
               que não haja perda de postos de trabalho devido à intro-
               dução de novas tecnologias, inclusive o escalonamento,   * José Adilson Pereira é representante sindical do Sindicato dos Estivadores do
               a requalificação dos trabalhadores e a internalização de   Espírito Santo (Setemees), presidente da Federação Nacional dos Estivadores
               todo o trabalho necessário para operar o terminal. Em   (FNE), vice-presidente da Confederação Nacional dos Trabalhadores em
               países onde as horas semanais ou anuais de trabalho são   Transporte Aquaviário e Aéreo, na Pesca e nos Portos (Conttmaf), presidente
               definidas no sistema industrial, apoiamos a redução da   da Seção de Portuários da América Latina da Federação Internacional dos
               semana de trabalho sem perda de remuneração.    Trabalhadores em Transportes (ITF), formado em Administração de Empresas
                                                               e pós-graduado em Cooperativismo.

           abril/maio/junho                                                                                 57
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