Page 30 - Revista EAA - Edição 57
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TECNOLOGIA CAPA
em testes dentro do campus da USP e
mais de 20 km nas ruas da cidade,” re-
vela o coordenador. “Mas isso é muito
pouco para garantir que o sistema seja
100% confiável.”
Tecnologia em campo
Para Denis Wolf, é difícil fazer uma
previsão de quanto o equipamento
custará para o consumidor, mas consi-
derando-se a produção em massa dos
sensores e sistemas computacionais,
é possível que o recurso de condução
autônoma seja apenas mais um opcio-
nal de custo médio, no futuro. Até o
tomada de decisão do CaRINA 2 têm Olhos eletrônicos (no sentido momento, revela, o projeto CaRINA
sido continuamente melhorados para horário): câmera esférica já recebeu o investimento total de
que o veículo seja capaz de operar em (vermelha) capta imagens em aproximadamente R$ 300 mil, uti-
ambientes e situações mais complexos, 360°. O sensor a laser (cinza), lizados na aquisição do veículo, dos
como demonstrado no teste pelas ruas também em 360° e, embaixo dele computadores e sensores, entre outros
da cidade. O coordenador do projeto (na mesma figura), uma câmera equipamentos. O projeto CaRINA
explica que todos os testes realizados estéreo medem a distância dos conta com financiamento da FAPESP
até agora foram feitos em ambientes e obstáculos. No para-choque e do Conselho Nacional de Desen-
situações controlados, sempre com um dianteiro, outro sensor a laser volvimento Científico e Tecnológico
pesquisador a bordo e velocidade limi- (dourado) também detecta (CNPq), por meio do Instituto Nacio-
tada em 40 km/h dentro do Campus. objetos. Sensor do GPS (laranja), nal de Ciência e Tecnologia em Siste-
Wolf também afirma que, ao de- associado a uma unidade inercial, mas Embarcados (INCT-SEC).
tectar obstáculos, como buracos ou estimula localização e a orientação Para o coordenador do projeto, pra-
lombadas, o CaRINA 2 será capaz do veículo ticamente todo o sistema CaRINA 2
de reduzir a velocidade ou mesmo de pode ser replicado em outros veículos,
desviar deles, se for o caso. O sistema como caminhões e tratores, sendo ne-
também tem a capacidade de controlar a velocidade máxima de acordo com a cessários apenas alguns poucos ajustes
via e com a complexidade da manobra realizada. Para isso, o software é pro- nos programas de controle. O pesqui-
gramado com um limite de aceleração lateral máxima, o que leva o veículo a sador aponta um enorme potencial
diminuir a velocidade em curvas. para veículos autônomos na área agrí-
Durante os experimentos com o CaRINA 1, os pesquisadores também de- cola, em função de os encargos traba-
senvolveram um sistema capaz de encontrar vagas (perpendiculares e paralelas) e lhistas representarem um custo muito
estacionar de maneira autônoma. Esse sistema está sendo redimensionado para o alto para as empresas e também por
CaRINA 2, habilitando-o também a realizar essas manobras. estar cada dia mais difícil encontrar
Para Denis Wolf, um dos aspectos que precisam melhorar no CaRINA 2 re- mão de obra adequada para operar as
fere-se às ultrapassagens. “Esse é um dos principais trabalhos ainda em desenvol- máquinas cada vez mais sofisticadas. O
vimento pelo nosso grupo. Acreditamos que, dentro de um ou dois anos, o nosso coordenador ainda afirma que o grupo
veículo seja capaz de realizar ultrapassagens seguras em ambientes urbanos,” pla- que desenvolve o CaRINA 2 já pres-
neja o pesquisador. Para isso, diz ele, o sistema de percepção do veículo precisa ser tou consultoria para uma empresa de
capaz de detectar e estimar a trajetória de outros veículos em alta velocidade. Esse máquinas agrícolas, em 2012, e que –
é um requisito básico para realizar ultrapassagens mais complexas. Além disso, são atualmente – trabalham em conjunto
necessários testes exaustivos do sistema para garantir que o mesmo tem um alto com uma grande empresa no desenvol-
grau de confiabilidade. “Nos últimos meses, o Carina 2 percorreu mais de 200 km vimento de tecnologia de mobilidade. n
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