Page 28 - Revista EAA - Edição 67
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SEGURANÇA VEICULAR no trânsito, o comprometimento é a chave
para um resultado promissor. Astrid Linder,
A favor da vida diretora de pesquisa de segurança no trân-
sito do Swedish National Road, explicou
que a Suécia conseguiu diminuir em 75%
os acidentes automobilísticos com vítimas
A redução das mortes no trânsito é uma bandeira fatais a partir de 1950 com um acordo en-
levantada por toda a engenharia da mobilidade. tre governo, indústria e sociedade. “É claro
que conseguimos uma grande melhoria,
Especialistas mundiais contam suas experiências e mas ainda temos muitos desafios e, desde
soluções para que essa diminuição se torne realidade 1997, colocamos em prática um objetivo
audacioso, Vision Zero, isto é, ninguém
deve morrer ou ter ferimentos graves no
s normas mundiais de segurança, as- cinco. “Para uma redução ainda mais signi- trânsito. E toda sociedade compartilha
Asim como programas desenvolvidos ficativa, é preciso um envolvimento maior desse desejo.”
por países e cidades, são pilares essenciais da indústria, governo e sociedade”, afir- Para que esse plano se tornasse reali-
para que haja uma redução significativa mou Walter Nissler, chefe do departamen- dade, Linder explicou que algumas ações
das mortes no trânsito. De acordo com to de regulamentação da Unece WP29. foram colocadas em prática, entre elas a
a Unece (United Nations Economic Com- Nissler apresentou uma das soluções organização e estudo das informações
mission for Europe), nos últimos 12 anos, da Unece para a redução das mortes no sobre os acidentes ocorridos: “Por meio
o número de fatalidades, que era de 2,5 Painel de Segurança Veicular. O projeto de pesquisas de biomecânica podemos
milhões, caiu pela metade. No Brasil, atu- consiste na regulamentação da WP29. “A desenvolver técnicas para que as mortes
almente, 20 pessoas morrem no trânsito WP29 (World Forum for Harmonization of sejam reduzidas ainda mais. Hoje, já sa-
para grupo de cada mil pessoas. Nos Es- Vehicle Regulations) tem como objetivo bemos que um acidente a 30 km/h causa
tados Unidos, esse número baixa para 10; apresentar normas técnicas que permitem menos lesões sérias e mortes do que fa-
enquanto na União Europeia, é de apenas a introdução de tecnologias inovadoras zia há 50”.
nos veículos do mer- No Brasil, algumas cidades começam
cado”. O executivo a optar e trabalhar com os mesmos bons
explicou que os tra- exemplos da Suécia. Além de São Paulo,
balhos estão abertos a cidade de Campinas, SP, está compro-
a todos os países e metida em baixar seus números com uma
organizações não série de ações em conjunto com a popula-
governamentais que ção. “Tivemos um aumento espantoso da
queiram se compro- frota desde 2010. Atualmente, contamos
meter a trabalhar com 1,1 veículo por habitante. Isso trouxe
com esse tema. novos desafios, como o de aumento dos
Quando se discu- acidentes. Mas desde aquele ano começa-
J. Pedro Carlos Barreiro te redução de mortes mos a organizar a coleta de dados”, contou
Carlos Barreiro, secretário dos transportes
e presidente da Empresa Municipal de De-
senvolvimento de Campinas (Emdec).
Barreiro explicou ainda que ações de
conscientização, estudo das vias, fiscaliza-
ção e diminuição de velocidade nas vias
foram fatores essenciais para a diminuição
dos acidentes na cidade: “Hoje, Campinas
é a quinta cidade com menores índices de
mortes no trânsito, mas ainda há muito
para se fazer”. A mediação foi feita pelo jor-
nalista e consultor especialista em progra-
mas de segurança no trânsito, fundador do
Programa Volvo de Segurança no Trânsito, FOTOS DANIEL DEÁK
Walter Nissler Astrid Linder Oliver Schulze J. Pedro. [CM, DS, PL e SP] n
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