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EDUCAÇÃO ESPECIAL
numerosas e especializadas para acessar fo-
mentos e faixas ótimas de impostos. Quanto
menor a empresa, mais dificuldade na remo-
ção dos impedimentos e maior a sensação de
hostilidade no ambiente de negócios. Essa
hostilidade já nos trouxe consequências per-
versas. Basta observar: em 1980, o PIB do
Brasil em dólares era maior que o da China e
hoje é menos que a décima parte.
Algumas destas dificuldades estão sendo dis-
cutidas por entidades e governo para que possa-
mos ter um ambiente que facilite o crescimento
de muitas iniciativas que hoje têm poucas pers-
pectivas de crescimento e mesmo sobrevivência.
Enquanto isso, o engenheiro empreende-
dor precisará aprender a vencer seus desafios
adicionais para compensar estas atividades
que, chegando ao cume, rolava de volta, reini- que consomem boa parte da capacidade de
ciando sua tarefa. gestão. Não há solução pronta e aqui não vale
Algumas “pedras de Sísifo” no caminho do a regra do tamanho único, definitivamente,
empreendedorismo brasileiro: one size does not fit all. A boa notícia é que es-
v a disponibilidade de capital é baixa, sobran- sas dificuldades não são exclusividade dos en-
do pouco para o investimento. Além disso, genheiros, mas dos empreendedores em geral,
com complexas regras de acesso, quando está gerando assim uma massa de pessoas dispostas
para liberar, surpresas ocorrem... a cooperar no sentido de entender melhor os
v incerteza na interpretação das leis gerando reveses e propor soluções. Os conhecimentos
insegurança jurídica... pedra rola morro necessários muitas vezes não estão na teoria,
abaixo, o nó fiscal: o governo precisa arreca- mas são construções de melhores práticas de
dar cada vez mais para pagar os seus gastos, várias pessoas ao longo do tempo.
mas também pretende manter as políticas Para acessar esse rico material, cooperar é
de incentivo. Isso acaba criando um Estado preciso. Sociedades de engenharia e de empre-
esquizofrênico, em que há setores em con- endedores, como a SAE, o Sebrae e a Ende-
flito, pois uma parte do governo tem como avor, por exemplo, são espaços onde se pode
meta arrecadar, o outro de criar mecanismos trocar experiências práticas de cada especia-
de fomento, não somente na indústria, mas lidade e cooperar, construindo uma proposta
também nas áreas de cultura e educação. útil em comum.
v a proteção da produção local é outra questão. O conhecimento especializado de cada um
É uma política de Estado importante e e depois a cooperação são vitais para vencer os
executada pela grande maioria dos países, desafios adicionais, pois seja para rolar pedras
mas tem que ser analisada em detalhes, pois ou entender melhor um ambiente de negó-
a mesma barreira que diminui a entrada da cios, é melhor estar bem acompanhado, para
concorrência externa muitas vezes acaba bar- que alguém o ajude a colocar um calço nessa
rando a exportação. E para qualquer indús- pedra e partir para trabalhos em parceria onde
tria o mercado externo é importante fator encontrem valores comuns e ajudem-se a se
de crescimento. Para as de base tecnológica tornarem melhores juntos e que, a cada vez,
é vital. Esta é uma das principais causas de tenhamos um ponto de partida melhor a cada
termos poucas empresas com este perfil. ciclo da empresa.
DESENHO ODCJ.
Grandes empresas conseguem rolar mais * Ricardo Takashi Tanaka é diretor da
agilmente as pedras, pois contratam equipes Lynx Tecnologia Eletrônica
30 julho/agosto/setembro