Page 34 - Revista EAA - Edição 82
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PONTO DE VISTA
Desafios da Infraestrutura
para a Mobilidade Elétrica
Os sistemas de mobilidade continuam seguindo um paradigma, isto é, a mudança
de paradigma para a mobilidade elétrica terá o seu marco quando não for
matéria de notícias. Ou seja, quando artigos como este ou veículos estacionados
recarregando deixarem de chamar nossa atenção.
As grandes empresas mundiais do setor têm em seu planejamento estratégico a
mobilidade elétrica como meta. No Brasil, não é diferente. As indústrias compartilham
da mesma visão mesmo sabendo que há uma necessidade de alinhamento entre alguns
fatores (político, econômico, infraestrutura etc.). Fatores estes que serão determinantes
na velocidade da implantação das novas tecnologias sustentáveis.
O veículo movido com energia sustentável foi o foco da atenção dos últimos
anos, muitas topologias de veículos foram estudadas e implementadas, bem como
seus motores, inversores de frequência e, não menos importante, os acumuladores
de energia e suas respectivas químicas (baterias), que passa a ser o protagonista do
Engº Alex S. Barbosa processo de eletrificação.
Passos, Msc. é membro da A bateria, por sua vez, é o componente que está despendendo grande esforço
Comissão de Veículos Elétricos de pesquisa e engenharia, pois a busca por aumento de autonomia (densidade de
e Híbridos SAE BRASIL energia), redução de massa (densidade de potência) e o custo trará a viabilidade
da expansão da mobilidade elétrica em um curto prazo de tempo. A demanda irá
viabilizar a produção maciça desde os veículos leves e caminhões de entrega urbana
até os ônibus.
Neste novo cenário da matriz energética para a mobilidade elétrica, a infraestrutura
se torna um fator de grande importância nesse processo de transformação. No entanto,
ao longo desses anos, enquanto a tecnologia dos veículos vem evoluindo, a geração de
energias renováveis também vem tendo avanços significativos na sua tecnologia e na
a geração redução dos investimentos necessários para implantação.
de energias A infraestrutura inicia-se na geração de energia, passa pela distribuição e termina
renováveis na recarga das baterias dos veículos. Se considerarmos uma mudança gradativa
também vem da matriz da mobilidade elétrica, estaremos vivenciando nos próximos anos uma
tendo avanços revolução na forma de geração de energia como, por exemplo, a energia solar
significativos distribuída nos tetos residenciais, fábricas, centro de distribuição e garagens de
operadoras de ônibus.
As grandes frotas ainda dependerão de uma instalação de alta potência,
considerando o carregamento de vários veículos pesados simultaneamente. Entretanto,
esta necessidade será minimizada com a viabilidade de associar as alimentações por
rede elétrica tradicional à geração por painéis solares com fonte de energia renovável.
A vida de uma bateria de tração é determinada pelo ciclo do nível de carga e
descarga. Assim, ainda podemos utilizar as baterias descartadas para tração com
uma segunda vida, isto é, utilizada para o armazenamento de energia estacionária.
A associação da geração de energia solar com o armazenamento de energia
em baterias provenientes da segunda vida é uma combinação que viabilizará a
instalação da infraestrutura em grandes centros urbanos.
Temos duas certezas: que as mudanças são inevitáveis, pois fazem parte da
evolução do ser humano, e que o sol nasce para todos. Teremos uma nova era de
geração e distribuição de energia.
34 abril/maio/junho