Page 18 - Revista EAA - Edição 93
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SAE BRASIL E A MOBILIDADE
Parcerias com Institutos de Ciência e Tecnologia Nacionais, como o Senai Cimatec
Durante esta conversa, fica claro que estamos em um mo- volução para a época, demandando que todos os demais fa-
mento de reconhecimento da pujança e da competência de vá- bricantes atualizassem suas tecnologias. Na sequência, os con-
rias empresas nacionais admiradas que têm tudo para se unir e troladores da empresa foram para Europa buscar parcerias e
falar em nome da indústria nacional, buscando uma participa- soluções para motores de corrente contínua, quando encontra-
ção conjunta com o governo e academia na criação das políti- ram a AEG, uma das indústrias mais poderosas na época. Em
cas públicas do tamanho que o Brasil precisa. Será que estamos 1981 eles convenceram Eggon que os motores elétricos com
prestes a ver isso acontecer? Fica a questão da educação que deve inversores seriam o futuro dos modelos elétricos com rotações
mudar não somente na base jovem que vem chegando, mas controladas: simples e com grande eficiência.
também entre os heads das empresas que aqui estão, para que O contrato de parceria resultou nos motores que até hoje
eles extrapolem os limites atuais, pois o mundo vem excedendo são referência de funcionalidade, trazendo junto novos produ-
todos os limites com empresas de crescimentos exponenciais. tos como inversores e Controladores Lógicos de Programáveis
Valter Knihs relata o início da WEG com o Sr. Eggon João (CLP). Enfim, entram definitivamente na era da eletrônica.
da Silva, no interior de Santa Catarina, onde mal havia estradas Hoje a WEG é a maior fábrica de eletrônica de potência da
e eletricidade. Ele percebeu que tudo iria se tornar elétrico na América Latina, capitaneando o processo de duplicação da
indústria. Juntamente com Werner Ricardo Voig – um auto- planta de Jaraguá do Sul. Os inversores são utilizados em quase
didata que estudou eletricidade e só falava alemão –, buscaram todas as aplicações onde se tem motores elétricos.
Geraldo Werninghaus, que conhecia muito de engenharia me- Em 1990, para entrar na área de automação e robótica, foi
cânica em 1961 e criaram a empresa. Perceberam logo de início feito um contrato de cooperação com a Bosch e desenvolvido
que não tinham mão de obra especializada na região. Nesse mo- inúmeros projetos de robôs especializados para as mais distin-
mento, foi criada uma escola que existe até hoje para formação tas aplicações, como, por exemplo, carregar o reator nuclear
de capital humano, construindo uma empresa que nos surpre- em um submarino. Hoje, seguem rumos próprios crescendo
ende até hoje. Nos anos 1970, a WEG se esforçava no sentido na área de automação e indústria 4.0. Desde os primórdios a
de aumentar sua participação no mercado de motores elétricos, WEG criou um canal de excelência com a Universidade Fe-
pois ainda não aparecia na lista dos produtores. Após todos esses deral de Santa Catarina, que mantinha parcerias com universi-
anos, muitos fabricantes quebraram, e a companhia se firmou dades da Europa, e de onde saíram engenheiros e gestores que
como o maior produtor nacional de motores elétricos. fizeram parte da empresa. Eles sempre souberam como buscar
Foram as inovações que fizeram a diferença, como o pri- o capital humano e as melhores parcerias para seguir adiante
meiro motor fechado, que impedia que humidade e detritos com sua missão de eletrificar as indústrias e a mobilidade.
danificassem sua operação. Mais robusto, tornou-se uma re- Valter Knihs descreve sua lição de vida, baseada em prin-
18 janeiro/fevereiro/março