Page 41 - Revista EAA - Edição 97
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Memórias
e histórias
Ainda que muitos atuem há mais de
20 anos na indústria automotiva, boa
parte com carreiras bem-sucedidas, a
grande maioria tem como melhores
lembranças a passagem por uma
equipe de competição da SAE BRASIL
A mão de obra dos alunos que participam dos projetos
Rafael Serralvo Neto e Willian Kurilov * é extremamente qualificada: tem que atender a rígidos
requisitos técnicos e comportamentais
ive o privilégio de ser de uma geração que participou
da competição Fórmula SAE e vou aqui tentar ex-
Tpressar como essa experiencia marcou a minha vida e
a de tantos outros colegas. Durante o meu período de gra-
duação eu fiz parte do programa BAJA por 4 anos, partici-
pando intensamente de competições no Brasil e nos EUA.
Essa experiência adquirida foi fundamental na base da mi-
nha formação e abriu portas para eu ingressar no mercado
de trabalho na área automobilística.
O Fórmula SAE surgiu logo depois que eu havia me
formado e eu acabei participando das primeiras competi-
ções ajudando a realização do evento como voluntário da
SAE. Todavia, em 2007 eu iniciei um curso de mestrado e
o assunto escolhido foi relacionado com o Fórmula SAE.
Não era difícil escolher um tema para aprofundar os estu-
dos de desenvolvimento do veículo, pois a competição ain-
da estava nos primeiros anos e os carros só haviam compe- basicamente todos os requisitos técnicos e comportamentais
tido dinamicamente em apenas duas edições (2005 e 2006). exigidos. Em 2014 eu comecei a lecionar no Centro Universi-
Minha equipe era a atual campeã da modalidade e a res- tário FEI e passei a orientar a equipe do Fórmula combustão.
ponsabilidade em manter o nível era muito grande além da Era a primeira vez na instituição que um ex-aluno
expectativa de todos ser a mais positiva possível. O trabalho com participação prévia no projeto passava a ser o profes-
realizado foi na área de aquisição de dados e eu tive integra- sor orientador da equipe. Após quase uma década atuando
ção com todos os subsistemas, pois basicamente todas as áreas como professor orientador, o que mais me deixa feliz é poder
queriam saber o que acontecia com os componentes e subsis- acompanhar todo o ciclo de desenvolvimento dos alunos, que
temas quando o carro ia para a pista. Foram 4 anos muito in- ingressam com pouco ou nenhum conhecimento relaciona-
tensos de trabalho e desenvolvimento e eu pude aumentar ain- do a um veículo de competição extremamente complexo em
da mais a minha integração com a equipe participando tanto nível de tecnologia e saem da equipe com um nível altíssi-
nas competições no Brasil quanto nas competições dos EUA. mo de conhecimento. Em algumas circunstâncias, existem
Naquela fase eu já trabalhava na indústria automotiva e casos de alunos que simplesmente ensinam os engenheiros
também fazia o programa de mestrado juntamente com as em determinadas áreas. É o caso por exemplo dos veículos
atividade e competições de Fórmula SAE. Ali eu ajudei mui- elétricos, pois o desenvolvimento dessa tecnologia é feito na
tos colegas de profissão a preencher vagas no mercado de tra- maioria das vezes nas matrizes dos fabricantes de automó-
balho, pois a mão de obra desses alunos que participam dos veis, que não ficam no Brasil. Portanto, é muito difícil ter um
projetos é extremamente qualificada, sendo que eles atendiam conhecimento aprofundado desses sistemas no Brasil.
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