Page 18 - Revista EAA - Edição 91
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COMBUSTÍVEIS DO FUTURO
Figura 4: toneladas de CO2 total
emitidos pelo Volvo XC40 MCI e BEV com
diferentes fontes de energia .
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Figura 3: CO2e/km em diversos países. A linha preta
horizontal representa as emissões esperadas em 2030 . composição, enquanto o etanol, além de liberar menos CO
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durante a combustão – cada litro de E100 gera 1,44 kg de
Nessa análise fica muito evidente que a pegada de car- CO , enquanto o E27 gera 2,16kg – também absorve CO
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bono da matriz energética elétrica tem um impacto mui- durante a sua produção pela fotossíntese da cana-de-açúcar.
to considerável nas emissões de GEE e, portanto, reforça A figura 5 compara diferentes combustíveis para um mes-
ainda mais que essa análise no contexto regional é muito mo veículo, considerando o mercado brasileiro. Nessa simula-
importante para garantir que a decisão por uma determi- ção, o BEV gerou menos CO e do que o MCI etanol apenas
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nada rota tecnológica seja de fato efetiva na redução dos depois de aproximadamente 80 mil quilômetros. Quando o
impactos ambientais do transporte. BEV é importado, a quantidade total de CO e emitido foi
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Life Cycle Analysis maior do que o MCI etanol mesmo após 200 mil quilômetros.
Essa metodologia de análise realizada para veículos le-
- mercado brasileiro ves como exemplo pode ser aplicada para outras classes de
O Brasil possui características únicas que reduzem o im- veículos e até outros modais, seguindo a mesma lógica.
pacto de emissões de CO referente à geração de energia, Em função da necessidade contínua de redução das
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no contexto da energia elétrica ou pela grande disponibili- emissões de GEE, esse tipo de análise permitirá a cada país
dade de biocombustíveis. avaliar as tecnologias disponíveis e a matriz energética de
Por um lado, a matriz energética baseada principalmen- cada região, adotando a melhor alternativa, seguindo os cri-
te em hidroelétricas reduz de forma significativa o nível de térios de emissão de gases, econômicos e sociais, ressaltan-
emissões, mas o combustível utilizado no Brasil também do que todas as rotas tecnológicas adotadas devem seguir
tem um impacto positivo no MCI. A gasolina vendida hoje tais premissas, pois garantirá uma transição energética para
no Brasil contém 27% de etanol anidro adicionado a sua baixo carbono, com segurança energética local e impacto
socioambiental positivo. n
REFERÊNCIAS
[1] Tomanik E., Policarpo E., Rovai F. Life Cycle Assessment
of Vehicular Electrification. SAE tech paper 2021-36-0042
(a ser publicado).
[2] Siebel T. Life Cycle Assessments – Controversial, but without
alternative. MTZ worldwide 04/2021.
[3] Volvo: Carbon footprint report. Battery electric XC40
Recharge and the XC40 ICE. Disponível em: https://group.
volvocars.com/news/sustainability/2020/~/media/ccs/Volvo_
carbonfootprintreport.pdf. Acesso em: 6 ago. 2021.
*Erich Policarpo é engenheiro de desenvolvimento de motores na
AVL GmbH e membro da Comissão de Motores Otto da SAE BRASIL.
Figura 5: emissões totais de CO2e para um mesmo veículo *Everton Silva é executivo de P&D na MAHLE Metal Leve e
considerando diferentes combustíveis1. mentor em Tecnologia e Inovação da SAE BRASIL.
18 julho/agosto/setembro