Page 19 - Revista EAA - Edição 60

mundo, seja em termos de mercado Vale comentar a incrível parceria muito complexa e restritiva. Por exem-
ou tecnologia? do Senai (Serviço Nacional de Apren- plo, é muito difícil para os institutos
Fistarol - O Brasil e a América Latina dizagem Industrial) com a Case IH. de pesquisa do Estado desenvolverem
têm situações específicas que tornam Durante a feira Agrishow, lançamos a parcerias. O Inovar-Auto (Programa
fundamental ter um desenvolvimento primeira Escola Móvel com curso pro- de Incentivo à Inovação Tecnológica e
tecnológico local, como fazemos. De fissionalizante de operadores de co- Adensamento da Cadeia Produtiva de
um modo geral, as máquinas feitas lhedoras de cana do Brasil. O projeto Veículos Automotores), que foi estru-
aqui têm algumas especificações ajus- consiste em uma estrutura itinerante turado com a participação do governo
tadas a este mercado. montada em um caminhão equipado federal e da iniciativa privada, já cami-
Posso dar dois exemplos muito com sala de aula e três simuladores da nhou no sentido de solucionar alguns
claros: o piso das nossas estradas não tradicional colhedora A8800, da Case pontos. Precisamos de um “Inovar-
são bons – no Brasil algo como três IH. O programa terá carga horária de -Auto” também para máquinas.
quartos das estradas pavimentadas es- 80 horas e a unidade móvel tem capa-
tão em condições ruins. Isso significa cidade para atender até 12 alunos por SAE – Com a alta do dólar, como a
um esforço adicional em eixos, trans- turma. O treinamento foi desenvolvi- empresa lida com a importação de
missões e suspensão dos caminhões. Já do em conjunto com os profissionais componentes? Existe algum programa
para o setor agrícola, temos uma agri- das usinas. O investimento total da por parte da CNH Industrial para a
cultura tropical que vai produzir muito Escola Móvel foi de R$ 1,8 milhão. capacitação de fornecedores locais?
mais massa verde por hectare quando Que essa seja a primeira de muitas Fistarol - Sempre procuramos desen-
comparada com o hemisfério norte. parcerias entre todas as nossas marcas. volver fornecedores nacionais e am-
Utilizamos também o plantio direto Além desse projeto, somente no pliar a nossa base de fornecimento. Vá-
e produzimos até três safras anuais, mercado de cana-de-açúcar, para fi- rios são os fatores que pesam para isso.
contra uma dos irmãos da América car no mesmo exemplo, a Case IH Em primeiro lugar, é cada vez mais
do Norte e dos países frios da Euro- tem outro programa de treinamento importante o desenvolvimento de ca-
pa. Isso tudo se traduz em muito mais que já formou mais de 11 mil opera- deias de fornecedores globais – para
exigência para os equipamentos que dores dos seus clientes, tal é o nível isso é fundamental termos fontes em
precisam ser projetados dentro dessa de necessidade e a relevância que essa várias regiões do mundo. Em segundo,
realidade. matéria tem no desenvolvimento de existe a questão logística – não sería-
Assim, para esses mercados desen- mercado da mecanização para o seg- mos competitivos se tivéssemos uma
volvemos produtos e tecnologias que mento sucroenergético. dependência muito grande de impor-
estão na vanguarda mundial. tações; e em terceiro lugar, temos o
O INOVAR-AUTO É UMA financiamento das linhas do BNDES
SAE - Quais são os principais que exigem um conteúdo nacional aci-
gargalos tecnológicos no Brasil? MEDIDA ADOTADA PELO ma de 60%.
Falta mão de obra? GOVERNO FEDERAL, EM Eu gostaria de ter muito mais for-
VIGOR DESDE O INÍCIO DE
Fistarol - A falta de capacitação de necedores aqui no Brasil; no entanto, o
2013, PARA ESTIMULAR A
mão de obra para operar as novas tec- segmento de peças e componentes pre-
IMPLANTAÇÃO DE FÁBRICAS
nologias embarcadas é, sim, um entra- cisa também de investimentos para gerar
DE AUTOMÓVEIS NO BRASIL
ve que o setor enfrenta. Temos que ter produtos mais inovadores, garantir qua-
cada vez mais excelência na mão de lidade e aumentar a produtividade da
obra especializada para acompanhar Mas existem muitos outros gar- nossa cadeia industrial como um todo.
as inovações das máquinas e ampliar galos que estão relacionados com in- Nessa parte, falta aplicação de recursos
o desenvolvimento econômico. Faze- vestimentos em pesquisa e desenvol- em processos mais robustos, sob pena de
mos nossa parte, as marcas individu- vimento. O Brasil é um dos poucos esses fornecedores não serem competiti-
almente promovem e apoiam treina- países que tributam investimentos, vos em relação aos importados.
mentos de técnicos. Mas ainda assim como fruto de um sistema tributário
precisamos de apoio dos governos fe- complicadíssimo, com impostos indi- SAE - Como é a gestão de uma cadeia
deral e estadual. retos. Temos também uma legislação de fornecedores tão complexa, uma

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