Page 30 - Revista EAA - Edição 61
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FERROVIÁRIO Kuk Park, gerente de sistemas da LG/CNS,
provedora de tecnologia e serviços de TI,
Transpondo obstáculos apresentou no evento esse sistema multi-
modal e totalmente integrado da cidade
asiática. “Esse é um modelo a ser seguido
em locais com alta concentração de pesso-
Integração de modais e implantação de novas tecnologias as”, afirmou.
Segundo Park, nas décadas 1980 e
ferroviárias são saídas que podem ajudar a desafogar o tráfego 1990, o sistema de transporte coreano
de passageiros e carga na região mais populosa do país chegou à beira do colapso, os ônibus eram
administrados por diversas empresas pri-
vadas, que não cumpriam horários e ainda
ual o veículo do futuro para a megaló- principalmente de transporte, revistos. Do havia uma frota imensa de automóveis,
Qpole brasileira? Foi tentando resolver contrário, ela irá “estourar”. que geravam imensos congestionamentos
a estão questão que especialistas do setor Para se ter ideia da importância dessa e excessiva poluição do ar. As mudanças
ferroviário participaram do Congresso SAE região que concentra apenas 1% do terri- começaram em 2002, com o prefeito Lee
BRASIL deste ano. A metrópole expandida tório nacional, ela conta com 24% da po- Myung-Bak. “O sistema de ônibus tornou-
que une algumas das 289 cidades mais po- pulação e é responsável por 38,3% do PIB -se público e integrado com os outros
pulosas do Brasil, entre elas São Paulo e as (Produto Interno Bruto) do país. “Como modais, operando com faixas exclusivas e
cidades em seu entorno, inclusive do Vale tem grande contingente de pessoas e de mais terminais em diferentes regiões para
do Paraíba Paulista e Fluminense e litoral, produção, essa megalópole já tem aponta- transferências. Além disso, o usuário pas-
além do Rio de Janeiro e das cidades da do indícios de exaustão. Em 2040, devem sou a receber informação em tempo real, o
região dos Lagos e do Sul de Minas Gerais, sofrer ainda mais com mobilidade, dificul- que permite a ele se programar”, apontou.
está em ponto do colapso. dade de logística e extrema verticaliza- Se transportar pessoas já não é tarefa
De acordo com Vitor Pires Vencovsky, ção”, aponta. fácil na megalópole, também não tem sido
diretor da Gismaps Sistemas, empresa es- Para transportar tanta gente, os diri- menos complicado integrar o litoral e o
pecializada em mapas impressos e digitais gentes de Seul, capital da Coréia do Sul, porto da cidade de Santos às cidades que
e mediador do painel, a megalópole bra- investiram em um sistema que hoje é con- compõem esse conglomerado. E assim o
sileira precisa ter, até 2040, seus sistemas, siderado o mais eficiente do mundo. Dong porto paulista acaba operando quase no
limite da sua capacidade.
Cyro Laurenza, presidente do Conse-
lho do Instituto para o Desenvolvimen-
to dos Sistemas de Transporte (Idestra),
apontou que a “bomba” portuária explo-
de em 2024 (com o trânsito de 230 mi-
lhões de toneladas no local). No entanto,
acredita ele, o transporte ferroviário pode
ajudar a desafogar o sistema rodoviário
Anchieta-Imigrantes e aumentar a eficiên-
cia na logística e distribuição. “Precisamos
vencer os desafios de altitude de cerca de
800 metros, atravessar a serra para, então,
Cyro Laurenza,
alcançar o Rodoanel. E tudo isso precisa
Dong Kuk Park
ser planejado para não termos impacto
e Vitor Pires
ambiental”, declarou.
Vencovsky
Os motores lineares, por condução ele-
tromagnética, fazem com que os vagões
consigam “enfrentar” as inclinações, já que
ganham tração. “Talvez seja a solução ideal
para o transporte de contêineres”, observou
Sergio Luiz JAbur Salomão – o dirigente Laurenza, que contabilizou em
Schaeffler – Comite Ferroviário do seis anos a implantação deste sistema, após
Congresso SAE BRASIL 2014 sua homologação pelo governo federal. n
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