Page 54 - Revista EAA - Edição 67
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TECNOLOGIA




           O motor de plástico



           está a caminho





           GRUPO ALEMÃO APRESENTA PROPULSOR A COMBUSTÃO                        rão obter resultados mais significativos
           INTERNA MONOCILÍNDRICO COM BLOCO DE MATERIAL                        com a utilização de motores que in-
           COMPÓSITO, APOSTANDO NO PESO ATÉ 20% MENOR                          cluam componentes feitos de plástico
           E NO CUSTO DE PRODUÇÃO MAIS BAIXO EM RELAÇÃO                        reforçado com fibra de carbono. Para
                                                                               comprovar a viabilidade deste novo
           AO ALUMÍNIO            FÁBIO OMETTO
                                                                               conceito, o grupo ligado ao Fraunhofer
                                                                               Institute for Chemical  Technology
           A pressão cada vez maior exercida pelas legislações ambientais nas últimas dé-  (ICT) desenvolveu um motor expe-
           cadas tem levado a indústria automobilística a buscar incessantemente novas so-  rimental monocilíndrico de 650 cm³
           luções para tornar os veículos mais leves e eficientes, reduzindo, assim, o nível   em parceria com a Sbhpp – divisão
           de emissões de gases de efeito estufa. Embora os esforços para a diminuição de   de plásticos de alto desempenho da
           peso dos automóveis se concentrem, em grande medida, na carroceria – com a   Sumitomo Bakelite Co. Ltd, do Japão.
           utilização intensificada de novas ligas de aço ultrarresistentes (mais leves e se-  “Usamos um material compósito
           guras) e de alumínio –, o sistema de propulsão vem, no mesmo ritmo, passando   com fibra de carbono para construir
           por sucessivas melhorias nesse sentido, uma vez que contribui consideravelmente   o bloco de cilindro desta unidade de
           para a massa total do veículo.                                      ensaio”, explica Lars-Fredrik Berg,
             Até agora, as fabricantes também vêm recorrendo ao uso do alumínio para   líder da equipe de trabalho e coorde-
           baixar o peso de certos componentes do motor, como o cabeçote, bloco dos cilin-  nador da área de pesquisa de Projetos
           dros e cárter, por exemplo, e da transmissão, empregando o mesmo material para   de  Trens-de-Força Leves dentro do
           a produção da carcaça da caixa de câmbio, entre outras peças.       Fraunhofer Project Group. A Sumito-
             Entretanto,  de  acordo  com  o                                   mo afirma que, comparado ao compo-
           Fraunhofer Project Group, com sede   Testes: bloco de compósito     nente de alumínio, o bloco de compó-
           em Karlsruhe, na Alemanha, em um   (dir.) emite menos ruído e       sito proporciona a redução de até 20%
           futuro próximo as fabricantes pode-  calor do que o de alumínio     no peso, enquanto os custos de manu-
                                                                               fatura são aproximadamente 10% mais
                                                                               baixos para um volume de  produção
                                                                               que pode chegar a 30 mil unidades ao
                                                                               ano, tornando-se ainda mais vantajo-
                                                                               sos quanto maior a escala.
                                                                                  Com esses fortes argumentos a
                                                                               seu  favor, a adoção  de compósitos
                                                                               plásticos na produção de partes do
                                                                               motor surge como um caminho certo,
                                                                               mas existem muitos desafios técnicos
                                                                               envolvidos, já que o material deve su-
                                                                               portar temperaturas extremas, altas
                                                                               cargas de pressão e vibrações, sem
                                                                               sofrer danos. Os plásticos aptos a es-
                                                                               sas exigências foram reconhecidos na
                                                                               década de 1980, mas até o momento
                                                                               a manufatura de componentes deste

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