Page 49 - Revista EAA - Edição 67
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PRESIDENTES

           Soluções para enfrentar a crise





           Executivos de algumas das principais fabricantes e sistemistas
           instaladas no Brasil discutiram soluções para obter mais
           produtividade e conseguir ultrapassar esse momento de recessão



















              tema do 24º Congresso SAE BRASIL –   executivo-chefe da Navistar Mercosul, é   de apenas 9,5 milhões de habitantes, ter
          O  ”Produtividade e Tecnologia: a nova   preciso levar em consideração alguns pon-  companhias  globais  tão  grandes  como  a
           revolução da Indústria Automotiva” – não   tos para se alcançar mais produtividade e   Scania, Volvo, entre tantas outras? Para al-
           poderia ter sido mais acertado para o mo-  competitividade: “Os aumentos dos custos   cançar esse patamar foi necessário exportar,
           mento de crise que o Brasil enfrenta. Cel-  industriais, como a elevação da tributação   além de competitividade”.  Svedlund afir-
           so Placeres, diretor de planejamento da   da folha de pagamentos, o fim do Reintegra   mou ainda que o Brasil também pode ser
           Volkswagen do Brasil – que substituiu o pre-  (programa que devolvia impostos embu-  competitivo.  A  unidade  da  fabricante  em
           sidente David Powels no Painel –, apresen-  tidos nas exportações), além de aumentos   São Bernardo comprova isso: “Temos mão
           tou o quadro atual vivido pelos fabricantes:   de energia elétrica, juros e dólar, têm sido   de obra qualificada e alguns dos processos
           “De 1993 a 2013, a produção cresceu 125%,   pontos que dificultam. Com isso, é preciso   mais eficientes do mundo aqui. Portanto,
           atingindo o pico de 3,6 milhões de veículos   revisar as expectativas e acelerar ainda mais   não há desculpas para não sermos produ-
           leves em um ano, incentivando ampliações   os programas de eficiência. Nenhum de nós   tivos, a não ser pelo protecionismo”, atacou
           e abertura de novas unidades produtivas.   pode esperar mais para ver o que vai acon-  Svedlund, referindo-se à velha política brasi-
           O problema é que o ritmo recuou 31% nos   tecer. Quem fizer isso não sobreviverá para   leira de desenhar vantagens para proteger a
           dois últimos anos. Em 2015, não se espera   ver o resultado”.       indústria local.
           mais do que 2,5 milhões de carros produzi-  Além da produtividade, outros temas   Para Wilson Bricio, presidente da ZF
           dos e 2,7 milhões para 2016, contra a capaci-  foram destacados pelos presidentes. Koji   América do Sul, além da produtividade é
           dade instalada de 21 fabricantes, que chega   Kondo, da Toyota, chamou a atenção para   preciso investir cada vez mais em educação
           a 5,6 milhões de unidades”, explicou.  a necessidade do equilíbrio da balança co-  de qualidade: “Sem isso não temos con-
             E como enfrentar essa ociosidade? De   mercial. “Nossa operação do Brasil represen-  dições de inovar e competir no mercado
           acordo com Placeres, a Volkswagen investiu   ta menos de 2% da operação global e isso é   global”, explicou o executivo que ainda afir-
           nos últimos quatro anos em diminuir os gar-  um problema, pois queremos alcançar um   mou: “A retomada da competitividade no
           galos de capacidade: “Investimos na fábrica   maior volume. Para isso, estamos tentando   Brasil depende fundamentalmente do am-
           de São Carlos para a produção de 2 mil moto-  achar um equilíbrio no comércio entre o   biente favorável à inovação e ao incentivo à
           res, em uma nova armação para plataforma   Brasil e a Argentina. Temos uma exportação   cooperação e ao aprendizado das melhores
           MQB, no aumento da capacidade da fábrica   baixa e queremos aumentá-la”.  práticas internacionais, com fortalecimento
           de Taubaté e na melhoria da unidade Anchie-  Para o presidente da Scania América La-  das engenharias”, finalizou.
           ta. O essencial é investir em tecnologia para   tina, Per Olov Svedlund, o ponto final da cri-  O Painel contou com a mediação de
           ganhar em produtividade”, disse.  se também está na competitividade: “Como   Gárbor Deák, conselheiro da SAE BRASIL.   FOTOS DANIEL DEÁK
             Para José Eduardo Luzzi, presidente e   é possível a Suécia, um país tão pequeno,   [CM, DS, PL e SP] n

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