Page 28 - Revista EAA - Edição 71
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TECNOLOGIA
melhor uso do flex em qualquer proporção de
mistura dos combustíveis.
Em um segundo momento, o etanol hidra-
tado premium proporcionaria desempenho su-
perior nos motores turboalimentados com in-
jeção direta. Essa combinação levaria a ganhos
de autonomia de até 75%, se a transmissão for
adequada às novas curvas de operação do motor.
não dar preferência pelo uso do etanol. Outra Nesses motores mais carregados, outro proble-
grande justificativa para a criação do etanol pre- ma da água contida no etanol é que em alguns
mium é que quando a versão que contém 5% ou ciclos de funcionamento do motor, por exemplo,
7% de água em massa em sua composição en- durante a partida com o motor frio, se tem uma
tra em processo de combustão nos motores, ela maior incidência de diluição do óleo pelo com-
não passa pelo procedimento de queima usual bustível. Isso gera corrosões em peças internas,
dos combustíveis. A água aquecida só evapora como as bronzinas, e a formação de um gel que
e, portanto, rouba calor da combustão não ge- entope filtros. Com a menor presença de água
rando energia e diminuindo a autonomia. Em esses efeitos não deixam de existir, mas dimi-
cargas parciais do motor, onde o processo de nuem significativamente.
evaporação da água é mais lento, os prejuízos Quanto à lubricidade do sistema de com-
são maiores. A relação de preço em torno de bustível, em especial para os injetores, avalia-
70%, que justifica o abastecimento com o etanol ções iniciais em corpos de prova não apresen-
ao invés da gasolina, também mudaria. Talvez, taram diferenciação significativa em atrito e
custando até 72% ou 73% do valor da gasolina, marcação de desgaste mesmo com diferentes
dependendo do motor/veículo, ainda seria mais níveis de água.
vantajoso usar o etanol. Em relação a como os motores atuais fun-
Esse combustível, em um primeiro momen- cionariam com esse menor teor de água, não
to, seria uma alternativa adicional ao já existente existe nada até o presente momento que indi-
se pensarmos em longo prazo. Mas essa medi- que alguma restrição nesse sentido. Talvez, ain-
da permitiria à indústria produzir motores mais da a ser confirmado, ele possa ter algum tipo
eficientes em função do compromisso flex. Os de impacto nos motores produzidos antes de
motores teriam maior autonomia e seria possível 1995, quando ainda se usavam carburadores.
reduzir a ”distância” entre as taxas de compressão Isso justifica a proposta de que o etanol pre-
dos motores movidos a gasolina e a etanol. Ou mium seja introduzido inicialmente como um
seja, uma gasolina com maior octanagem e um combustível alternativo, e não em substituição
etanol com menor quantidade de água facilitaria imediata ao hidratado existente em nossos pos-
o uso de tecnologias como turbo e comandos de tos de abastecimento.
válvulas variáveis, habilitando tecnicamente um Na verdade, há tempos já existe uma norma
da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural
e Biocombustíveis (ANP) que prevê a existência
de três diferentes tipos de etanol para o merca-
do: o anidro, o hidratado e o premium. Portanto,
esse grupo de estudos que defende a versão pre-
mium não pretende “reinventar a roda”, só quer
redefinir os padrões estabelecidos anteriormente
para essa versão para poder avançar com tecno-
logias que tornarão os motores mais eficientes e
com maior autonomia.
Outra vantagem desse etanol de melhor quali-
dade seria a maior possibilidade de estar presente
em outros mercados por meio da exportação. n
28 julho/agosto/setembro