Page 11 - Revista EAA - Edição 84
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EFICIÊNCIA ENERGÉTICA
Congresso
SAE BRASIL 2019
Dez lições de um debate sobre 3. O modelo de aprendizado ainda tem o
educação de Engenharia vício de engenheiros ensinando engenhei-
Mauro C. Andreassa, chair do Comitê de ros, psicólogos ensinando psicólogos e
Educação da SAE BRASIL assim por diante. Com a complexidade dos
projetos, mais e mais conhecimentos são
Nada mais primoroso que ouvir sem filtros e fundamentais, e isso já foi dito no parágrafo
sem julgamentos a sociedade interessada em anterior. Mas se engenheiros continua-
educação. Do último debate sobre Educação de rem ensinando engenheiros, pode ser que
Engenharia do Congresso SAE BRASIL 2019, não causemos a nossa própria ruptura, tão
aprendemos: importante para o futuro. Devemos buscar
a polinização cruzada, com equipes mistas
1. O estudante deve assumir o protagonismo de docentes trabalhando em ambientes
do aprendizado e, com isso, deve organi- de redes de comunicação colaborativa.
zar seu raciocínio diante dessa autonomia Desse modo, haveria uma construção de
conquistada. Muito embora as universidades conhecimento, competências e habilidades
estejam dedicadas a transformar as formas socioemocionais na comunidade discente,
de ensino, como, por exemplo, sala de aula de acordo com a nova demanda do mercado
invertida, EAD, podcast, híbrido, etc., nada de trabalho e de vivência em uma sociedade
disso tira a responsabilidade do aluno sobre em plena evolução, além do estágio supervi-
o seu próprio aprendizado. O professor se sionado – para os alunos, que seja parte do
torna um “mediador” do processo da busca conteúdo complementar das escolas como
pela informação ou um curador do conhe- um pensamento lateral, algo a ser oferecido
cimento. Outra questão nasce no individuo como mentoria ou plataforma.
como “protagonismo de si mesmo”
4. As escolas buscam criar ambientes repletos
2. O conhecimento é não linear, pois a vida de laboratórios, oficinas, garagens com a
tampouco é linear. O sistema de aprendi- mentalidade hands on de forma a se asseme-
zado é histórica e artificialmente linear e as lhar tanto quanto possível à realidade, contu-
escolas se esforçam por romper essa lineari- do, ainda permanecem artificiais, e nada,
dade, aumentando o envolvimento entre os absolutamente nada, é mais real e brutal que
cursos. Cabe à universidade criar o ambiente a própria realidade. Estágios e trabalhos são
criativo para o aprendizado, o que compre- fundamentais para formar o engenheiro.
ende a pluralidade e a transdisciplinaridade, As IES devem estabelecer novas parcerias
na medida em que o futuro significa resolver (comodatos e convênios) com a indústria. O
problemas e conhecimentos monofacetados Baja, o AeroDesign, e vários outros progra-
não potencializar este objetivo. Além disso, mas da SAE incentivam muito a abordagem
o pensamento linear é limitado e se torna hands on. Nos cabe intensificá-los e incen-
um gargalo no processo de construção do tivá-los. Toda ação da SAE deveria possuir
conhecimento e de atuação em um novo alunos como parte integrante, incluindo
modelo de mercado de trabalho. Vários alunos do ensino médio.
fatores devem ser considerados, mas os mais
relevantes são a formação e a atualização do 5. O ser que rotulamos como “jovem” é cada
corpo docente e o estreitamento com esse vez mais imediatista e impaciente. Não
novo mercado de trabalho. podemos criticar essa atitude, pois é o re-
outubro/novembro/dezembro 11