Page 20 - Revista EAA - Edição 90
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SAE EDUCAÇÃO
Discutir se o curso é remoto ou presencial,
qual a didática, quem são os professores
é manter uma superficialidade desnecessária
célula de hidrogênio. O papel da SAE BRASIL, como casa
da mobilidade, é de ser uma colmeia abrigando e congre-
gando várias dessas incansáveis abelhas, permitindo fecun-
dação de novas ideias, novas abordagens e criação de valor
agregado intelectual.
Discutir se o curso é remoto ou presencial, discutir qual
a didática, quem são os professores é manter uma superfi-
cialidade desnecessária. Se o conceito moderno de lideran-
ça é ensinar, não existe diferença entre gerentes, diretores,
supervisores, reitores e professores, e estamos todos falando
da mesma essência, do mesmo pólen. Será que executivos
estão preocupados em polinizar nossas estruturas?
Em um ambiente Vuca (Volatility, Uncertainty, Com-
plexity e Ambiguity), o que fica no final?
VOLATILIDADE: pois nossos diplomas e títulos
têm prazo de validade, e, se eles expiram, nossa arro-
gância intelectual também.
INCERTEZAS: certamente, quando se termina
um curso, já existe algo mais contemporâneo no
mercado. A universidade jamais terá a mesma velo-
A educação título já é um paradoxo. Uma coisa que a educação se estendendo até o fim das nossas vidas, passando por chão cidade do mercado, a mesma contemporaneidade do
mercado, exceto se se embrenhar na pesquisa.
definitivamente não tinha até pouco tempo atrás de fábrica, chão de escritório, chão de laboratório e outros
da mobilidade O era mobilidade. A educação era monolítica, com chãos. Chão que vai do presencial ao remoto, do síncrono COMPLEXIDADE: uma vez que os conhecimen-
e a mobilidade fortes tijolos de lousa, giz e professor falando. Fiat motus! ao assíncrono. Aprendizado sem fim. tos se entrepermeiam, ninguém é detentor de todo o
saber, e, nesse momento, as habilidades socioemocio-
A educação da mobilidade da SAE BRASIL prima por
Então, fez-se o movimento!
da educação relacionados às metodologias ativas de aprendizado já esta- este ponto: debates e cursos em que o verdadeiro prota- nais desempenham um papel primordial neste jogo.
Era uma vez um mundo sem pandemia, e os assuntos
gonista é o aluno. Falar de multidisciplinaridade é jornal
vam no palco. Já se falava de Flipped Classroom, Problem velho. Nos nossos debates, psicólogos, administradores, AMBIGUIDADE: o certo de ontem não é o certo
Não basta ter diversidade & Project Based Learning (PBL), Team Based Learning médicos, físicos e matemáticos já foram protagonistas, dei- de hoje. Nem sempre a melhor solução é adotada.
de conhecimento ou falar de (TBL), que, na verdade, apenas traziam à superfície dois xando engenheiros como coadjuvantes. Nada mais normal
multidisciplinaridade, precisamos saber temas: primeiro, que os professores não sabem tudo, nunca em um mundo de necessidades tão amplas. Portanto, trazer
como esses assuntos se permeiam e souberam e muito menos hoje, neste ambiente altamente vários especialistas para falar de um assunto é jurássico. O Quando toda a fumaça e a poeira da pandemia se forem,
produzem novas ideias e percepções volátil; e, segundo, que os alunos sabem disso tudo e que- que temos agora é interdisciplinaridade! Não basta ter di- o que restará senão conhecimento? Fluxo de caixa, EBIT-
rem também um lugar no protagonismo. versidade de conhecimento, precisamos saber como esses DA, taxa de retorno, todos esses termos do mundo dos ne-
Mauro Andreassa
Então, veio a pandemia, que colocou alguns nervos ex- assuntos se permeiam, fecundando novas ideias e insights, gócios se diluem frente à intangibilidade do conhecimento.
postos: a dificuldade de manter a atenção dos alunos, como por plateias jovens e ansiosas por novidades. É difícil criar indicadores para a educação. Em geral, os in-
interagir, como democratizar minimamente o espaço de Abelha que poliniza a mesma flor não cria variedade. A dicadores são imediatistas, e educação, por princípio, toma
aprendizado. Mais do que nunca, a educação começou a abelha precisa voar um pouco mais e polinizar flores mais tempo. A educação precisa mover-se.n
mover-se. Eis a mobilidade da educação! Não é só fábrica distantes. Uma flor desconhecida e, talvez, dessa forma, ge-
que tem um chão, um piso sofrido pelo dia a dia. Sala de rar novas cores, novos frutos, novos aromas. É a polinização *Mauro C. Andreassa é graduado em Física pela Pontifícia Uni-
aula também tem piso. Esse piso, cada vez mais ampliado, cruzada. O pólen do veículo elétrico vai para a flor do bio- versidade Católica de São Paulo – PUC-SP, fundador da empresa Big
não tem mais fim, começando nos primeiros anos de vida e combustível, o pólen da flor do veículo híbrido vai para a Learning e mentor para a Educação da Mobilidade da SAE BRASIL
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