Page 57 - Revista EAA - Edição 57
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cial infraestrutura de lançamento e
apoio. A Agência Espacial Europeia,
criada em 1975, procurou ter próprio
ônibus espacial, menor, conhecido
por Hermes, que também era para ser
lançado pelo Ariane V, um lançador
para pesos elevados.
À medida que preço e custo do
projeto Hermes, liderado pela França, FOTOS RICHARD GARDNER
subiam, a capacidade do veículo para
transportar astronautas ou carga foi
ficando cada vez menor até o conceito
ser abandonado. Todavia, o lançador Mas a constante evolução de tec- Detalhe do exclusivo
Ariane V continuou como veículo nologia espacial tem permitido que desenho de Burt Rutan de asa
para colocar satélites grandes em órbi- novos veículos lançadores e de trânsito embandeirável do SpaceShip 2,
ta e durante os últimos 20 anos provou sejam projetados para se ter compo- que permite que o espaço plano
ser o mais confiável lançador, com 52 nentes genuinamente reutilizáveis que retorne à Terra em um planeio
lançamentos consecutivos exitosos. devem ajudar a evitar a forte escala- controlado de baixa velocidade
Com a perspectiva de a Nasa ficar da de custos que acabou com tantos
incapaz de custear ela mesma a con- e grandes programas espaciais nacio-
tinuidade dos ônibus, uma série de nais. Parcerias entre agência e companhias espaciais, e entre as próprias compa-
projetos menos ambiciosos começou nhias, começam agora a mostrar como isso pode ser feito, apesar de a segurança
a ganhar força. De muitas maneiras, ser tão essencial em missões tripuladas que o desenvolvimento, testes e o proces-
eles pareceram o retorno às primeiras so de avaliação não podem ser feitos às pressas.
missões Apollo de cápsulas de suporte A Nasa permanece no comando nos EUA em implementação do espaço, mas
e de órbita da Terra. Mesmo assim elas como parte de sua política mais aberta na questão de parcerias comerciais, ela
incorporavam os últimos materiais e tem focado um número menor de iniciativas internas específicas no desenvolvi-
tecnologia de controle e eram modes- mento de novos veículos espaciais que possam prover transporte contínuo para a
tas em seu escopo, sendo desse modo Estação Espacial Internacional.
realisticamente acessíveis comparadas Há claras e boas perspectivas de alguns desses programas virem a propor-
às propostas iniciais. Mais importan- cionar acesso tripulado a tarefas mais difíceis no final da próxima década, como
te, elas focavam em inovação comer- voltar à Lua ou, um pouco mais tarde, um empenho ainda mais intenso em uma
cial, rompendo laços com o caminho missão mais completa a Marte. Além dos novos veículos espaciais, a visão do
tradicional de depender de programas espaço dos EUA para as próximas décadas inclui a modernização da estrutura
espaciais custeados pelo estado. A re- de lançamentos no Centro Espacial Kennedy.
volução havia chegado. No lugar do ônibus haverá foguetes de propulsão mais convencionais que
carregarão uma cápsula de transporte e retornarão de paraquedas. Os estágios
Parceria para o sucesso dos foguetes de propulsão são previstos para ser recuperáveis e reutilizáveis. O
Muitos dos principais tomadores de novo Sistema de Levantamento ao Espaço servirá para missões de exploração
decisão no setor espacial acreditam humana estendidas. Inicialmente, ele terá capacidade para levantar 63,5 tonela-
que a chave para o transporte susten- das, mas versões posteriores quase dobrarão esta capacidade, para 118 toneladas.
tável no espaço está em veículos confi- O primeiro lançamento e teste completo do SLE está previsto para 2014, com
áveis, seguros e de custo acessível, que um voo de longa duração planejado para 2017.
possam ser usados quantas vezes se A Nasa escolheu o projeto de cápsula Orion, da Lockheed Martin, para um
quiser, muito parecido com a maneira lançamento antes de 2020. O projeto da Orion foi otimizado para levar tripula-
como aceitamos e usamos o transpor- ção ao espaço para a Estação Espacial Internacional (ISS, a sigla em inglês) para
te aéreo hoje. Claro, é mais fácil dizer substituição de pessoal ou para manter missões espaciais mais demoradas além
isso do que fazer. da órbita baixa da Terra. Agora, a Europa está se juntando aos EUA ao combinar
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