Page 47 - Revista EAA - Edição 62
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CO 2 mais líquidos iônicos
Um refrigerante alternativo que po-
deria funcionar em unidades de ar-
-condicionado convencionais modifi-
cadas, ao mesmo tempo evitando esses Sistemas de ar-condicionado
problemas, seria o dióxido de carbono compressão-vapor como o desta
combinado com líquidos iônicos, sais unidade compacta Delphi têm tilidade que absorvem e liberam o re-
que permanecem líquidos em tempe- resfriado o interior dos carros frigerante, são semelhantes aos ciclos
ratura ambiente e de imediato absor- desde meados do século passado de compressão-vapor tradicionais,
vem dióxido de carbono. Os pesqui- mas eles compartilham também al-
sadores há tempo consideram usar o guns aspectos dos ciclos de absorção
CO 2 como fluido de trabalho por ele química. Capacidades de absorção, mostrou o trabalho, dão a oportunidade
conduzir bem calor e contribuir me- de maiores mudanças na entalpia (a quantidade de calor usada em pressão
nos para as mudanças climáticas do constante) do sistema e, assim, ganhar em eficiência.
que os HFCs, mas ele passa de gás a “Devido ao componente volátil entrar e sair da solução, o calor latente,
líquido em temperatura relativamente calor de mistura e em alguns casos reações químicas reversíveis, proporcionam
baixa e em pressões bem mais altas, o potencial de maiores mudanças de entalpia específicas”, disse o estudo.
o que exigiria elevadas e proibitivas Em uma unidade de ar-condicionado convencional de automóvel, um gás
pressões de operação. refrigerante frio e sob baixa pressão entra num compressor, que o comprime
No final de 2010, a ARPA-e con- e o aquece. O gás aquecido vai, então, para um condensador, onde perde calor
cedeu uma verba total de cerca de para o ar externo, passando a líquido. A seguir o refrigerante, ainda pressu-
US$ 2,6 milhões à equipe de pesqui- rizado, passa por uma válvula que restringe o fluxo e ocasiona uma queda de
sa da Universidade de Notre Dame, pressão que leva o líquido evaporar. Quando isso acontece, o fluido absorve
liderada pelo professor de engenha- calor do ar da cabine e faz o líquido voltar a ser um gás frio em baixa pressão.
ria química William Schneider, para O ciclo, então, se repete.
desenvolver um sistema de ar-con- Num sistema de resfriamento cofluido, explicaram os autores do paper, um
dicionado baseado num refrigerante trocador de calor de alta pressão rejeita calor para baixar a entalpia e absorver
que combina CO 2 e líquidos iônicos. o CO 2 no líquido iônico. A entalpia do sistema é ainda mais reduzida num
De acordo com um recente trabalho trocador de calor interno antes que o líquido em alta pressão seja enviado
técnico de Schneider e seus colegas, através de uma válvula para baixar a temperatura, o que refrigera a mistura
avanços na compreensão dos líquidos fluida. O ar à volta absorve então calor da mistura, o que causa a fervura do
iônicos têm levado a novas formula- CO 2 adicional. Após passar pelo trocador de calor, o fluido é mecanicamente
ções que podem se igualar ao dióxido comprimido e o ciclo se repete.
de carbono nos chamados ciclos de Com participação de um sócio capitalista, uma nova firma chamada Ionic
resfriamento cofluidos iônicos que Research Technologies se estabeleceu em South Bend, no estado de Indiana,
poderiam funcionar a pressões ope- para comercializar o método de resfriamento cofluido, segundo Doug Morri-
racionais usadas com refrigerantes son, presidente e executivo-chefe.
convencionais. “Nesse momento, estamos colaborando com clientes finais e empresas de
Ciclos cofluidos, que se baseiam refrigeração para prosseguir no desenvolvimento para uso em prédios, mas
em um refrigerante volátil e em um nossa parceria está trabalhando também numa escala menor, um sistema-con-
líquido transportador de baixa vola- ceito que comprova serem possíveis aplicações automobilísticas.”
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