Page 58 - Revista EAA - Edição 64
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TECNOLOGIA CAPA
propulsão – controles, sistema de gerenciamento de energia e baterias – de outros contribui bastante para o ceticismo a
modelos híbridos da fabricante. respeito da tecnologia.
Além do uso de peças comuns, um novo conversor triplica a tensão do sis- A oposição à adoção de hidrogênio
tema, o que economiza espaço, peso e custo. Outras economias vieram da mini- como combustível surgiu nos EUA
mização do uso de catalisadores da família de platina na unidade da célula, disse porque muito do hidrogênio de hoje
Ogiso, que acrescentou que o trabalho de pesquisa e desenvolvimento continua a é obtido por reforma de gás natural a
trabalhar em alternativas de catalisadores que custem menos. vapor, o que liquida o baixo impacto
Ele explicou que o sistema de célula a combustível da Toyota é totalmente ambiental do hidrogênio. O presidente
modular e que os planejadores da empresa estão considerando veículos a célula a da Tesla Elon Musk, por exemplo, tem
hidrogênio que vão desde empilhadeiras a carros esporte, a caminhões e a ônibus. chamado as células a combustível de
Ogiso declarou que o exterior do carro foi definido para ser tanto “diferente” “um monte de lixo”.
quando “futurista”, com uma sensação de água fluindo. Se o empenho de estilo Para ajudar a resolver o problema
teve êxito, depende do gosto de cada um, mas precisa ser dito que o carro, quando fundamental de reabastecimento, a
visto de frente, se parece um pouco com um centurião Cylon da nave de guer- Toyota fez parceria com a Air Liqui-
ra estelar “Galáctica”. As enormes grades de entrada de ar estão lá não só para de, produtora global de hidrogênio e
manter frios os três radiadores da célula, mas também para alimentar o sistema outros gases industriais, para desen-
de gerenciamento de ar do veículo. A traseira lembra muito a dos antigos BMW volver novos mercados regionais, dis-
da década de 1970. Independentemente de estilo, o Mirai tem um coeficiente de se Chris Hostetter, vice-presidente
arrasto aerodinâmico bem baixo, 0,293. do grupo de Planejamento Estraté-
gico. Parte do plano é instalar uma
Criando uma infraestrutura de reabastecimento dúzia de postos de hidrogênio em
Embora o presidente e executivo-chefe Akio Toyoda tenha considerado, num Connecticut, Massachusetts, New
vídeo, o Mirai como “uma mudança no rumo da história do automóvel” que aca- Jersey, Nova York e Rhode Island
baria com a dependência do petróleo e a degradação ambiental, os veículos de até 2016. Usando o Street, um mo-
célula a combustível têm um impedimento inexistente para os híbridos: a au- delo de computador desenvolvido na
sência de postos de reabastecimento de hidrogênio e a custosa infraestrutura de Universidade da Califórnia – Irvine
fornecimento para eles. Esse clássico dilema “galinha ou ovo, qual veio primeiro” que calcula o número de postos de
hidrogênio necessários para abaste-
cer uma frota carros de célula a com-
Os estilistas da Toyota procuram bustível, os planejadores escolheram
dar um visual “diferente,
futurista” para o novo Mirai locais estratégicos para criar uma
“autoestrada do hidrogênio” entre as
áreas metropolitanas de Nova York e
Boston, disse Ole Hofelmann, presi-
dente executivo da Air Liquide.
Hofelmann disse que o hidrogê-
nio dever ser vendido por cerca de
US$ 10/kg – em termos de energia,
um quilograma de hidrogênio equi-
vale aproximadamente a um galão
(3,785 litros) de gasolina. Devido às
unidades de células a combustível ofe-
recerem o dobro de eficiência energé-
tica em relação os motores conven-
cionais dos automóveis, US$ 10/kg
significa um preço efetivo de cerca de
US$ 5/kg, o que seria mais competitivo
do que os combustíveis convencionais.
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