Page 10 - Revista EAA - Edição 70
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AUTÔNOMOS CAPA
Futuro distante
Entraves existem em todos os países do mundo, mas em função da
complexidade exigida para a implementação dos veículos autônomos
no Brasil, aqui deveremos ter um pouco mais de dificuldade
Caio Moraes*
O assunto do momento, quando se fala em mobilidade, são os realidade por aqui. Contran e Detrans, por ainda não terem
carros autônomos. A tecnologia vem sendo apregoada como nada consistente para dizer a respeito, preferem se omitir.
o futuro dos transportes e, claro, deve vir a ser. Mas percebe- Assim como o Google, considerado como o detentor dos
se que um longo caminho ainda terá, necessariamente, a ser projetos mais avançados entre as empresas que pesquisam os
percorrido. Os veículos propriamente ditos não são mais o autônomos, não quis se manifestar a respeito aqui no Brasil.
problema, vários fabricantes de automóveis e caminhões, e Para Antônio Megale, presidente da Anfavea, associação
até não fabricantes, estão em um estágio bem avançado de que representa os fabricantes de veículos do País, “O carro
desenvolvimento das suas tecnologias. Os carros andam so- autônomo, está em um futuro cada vez mais próximo. Os de-
zinhos, se mostram eficientes, enfim, cumprem com aquilo senvolvimentos, investigações e pesquisas em âmbito mun-
que se imagina que venha a ser o futuro da nossa mobilidade, dial apontam para que eles comecem a se tornar uma rea-
mas não é o suficiente. lidade em alguns mercados mundiais já na década de 2020
Quase todos os envolvidos com esse processo são unani- e, na sequência, chegará ao Brasil”. No que diz respeito às
mes em dizer que os veículos “já são o passado” na implan- dificuldades para que isso se torne viável, Megale afirma que
tação da mobilidade autônoma, e que o “futuro” será muito para a introdução do carro autônomo no País serão necessá-
mais complexo de ser colocado em prática. Legislação, in- rios amplos ajustes nas legislações, o mesmo que acontece no
fraestrutura, comunicação e aspectos jurídicos serão os prin- momento em nível mundial.
cipais responsáveis pela viabilidade da inciativa e não os ve- “Mas é importante que fiquemos atentos à evolução do
ículos em si. Em nossas conversas para a elaboração dessa que está acontecendo no mundo para que possamos nos es-
matéria descobrimos o quanto ainda falta a andar na Europa pelhar e adequar melhor essas propostas da forma mais rápi-
e Estados Unidos nesse sentido, e as grandes dificuldades que da possível à realidade nacional. Achamos que a questão do
teremos que superar em se falando de Brasil. carro autônomo está um pouco distante de nós, considero
Excetuando-se iniciativas nacionais bem-intencionadas e que no momento temos outras prioridades. Acho que preci-
isoladas, o assunto passa ao largo do conhecimento da maio- samos entender a política que virá para o Inovar-Auto, para
ria dos nossos legisladores e responsáveis pela criação de con- que possamos assegurar uma boa atuação das nossas enge-
dições para que o carro autônomo venha a se tornar uma nharias no sentido produzir veículos com nível de eficiência
energética adequado para atender as exigências do Brasil e
No momento, o das exportações”, conclui Megale.
carro do Google No tocante ao desenvolvimento de produtos nacionais, já
deve ser o temos um bom exemplo na USP de São Carlos. Uma equipe
mais avançado de pesquisadores do Laboratório de Robótica Móvel, coor-
denada pelo Prof. Denis Wolf, é responsável pelo desenvol-
vimento do projeto CaRINA – Carro Robótico Inteligente
para Navegação Autônoma –, o primeiro veículo sem mo-
torista autorizado a trafegar por vias públicas em território
nacional (EAA nº 57) e do primeiro caminhão autônomo,
que já circula pelo Campus da USP São Carlos (EAA nº 67).
Para Denis Wolf, qualquer iniciativa no sentido de
viabilizar os autônomos tem que começar pela legislação.
“Tive a oportunidade de participar de uma reunião pro- FOTOS DIVULGAÇÃO
movida pelo Prof. Dr. Edson Kitani (professor da Fatec
Santo André e Coordenador Pedagógico do Projeto de
10 abril/maio/junho