Page 14 - Revista EAA - Edição 74
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CONECTIVIDADE             INTRODUÇÃO À CONECTIVIDADE



                              Carros autônomos:

                              capacitar-se é preciso                                                 conectividade




                              Hoje, no limiar de sua implantação, já podemos imaginar o impacto
                              que Veículos Autônomos (VAs) terão na indústria, na economia
                              e na sociedade de maneira geral. Mas apenas os que tiverem
                              conhecimento e iniciativa tirarão proveito dessas oportunidades

                              Dr. Hélio Petroni Filho*


           Diagrama de        Os primeiros experimentos com VAs radiocon-  mas há alguns requisitos importantes. O uso de
          arquitetura de      trolados datam dos anos 1920, mas apenas nos  drive-by-wire é praticamente obrigatório para
          um sistema          anos 2000 a tecnologia alcançou o ponto crítico  que o carro possa ser controlado autonomamen-
          de condução         a partir do qual se tornou promissora para uso  te, e uma planta elétrica ou híbrida é preferível
          autônoma.           prático. Grandes fabricantes  de automóveis e  para suprir o elevado consumo de módulos de
          Diferentes sensores   diversas startups do Vale do Silício agora dispu-  processamento e sensores. Mas a principal no-
          reportam suas       tam o novo mercado, colocando para o profis-  vidade são mesmo os sistemas de software que
          leituras para       sional automobilístico a questão de como essa  controlam o carro: essa é a parte mais complexa
          módulos de          nova etapa da indústria afetará suas perspectivas,  do sistema inteiro, e onde se desenrola uma dis-
          processamento,      especialmente em relação a ramos de atividade e  puta entre duas maneiras alternativas de abordar
          que determinam
          as condições do     requisitos de qualificação.              o problema de condução autônoma – os para-
          veículo e planejam   Dois paradigmas                         digmas robótico e de aprendizagem.
          comandos enviados                                               No paradigma robótico, engenheiros e espe-
          para os sistemas de   À  primeira vista, as especificações  de  um VA  cialistas  primeiro  determinam  tarefas  impor-
          controle de direção   não diferem muito das de um veículo moderno,  tantes que o sistema deve realizar (ex.: dirigir
          e tração                                                     permanecendo entre as faixas da estrada); então,
                                                                       estudam registros dos sensores – gravados em
                                                                       sessões de teste por motoristas – para identificar
                                                                       padrões de dados relevantes (ex.: a ocorrência de
                                                                       faixas contínuas ou tracejadas no chão, em dife-
                                                                       rentes tons de branco ou amarelo); em seguida
                                                                       projetam filtros computacionais para extrair es-
                                                                       ses padrões de leituras dos sensores; e finalmen-
                                                                       te aplicam um procedimento de classificação ou
                                                                       regressão para deduzir parâmetros desejados (ex.
                                                                       a posição do veículo relativa às faixas) a partir
                                                                       dos padrões extraídos. O resultado final é um
                                                                       sistema de software formado por componentes
                                                                       distintos, onde cada parte cumpre um propósito
                                                                       claro, especificado pelo seu criador.
                                                                          Já no paradigma de aprendizagem, sistemas
                                                                       de aprendizagem como redes neurais analisam
                                                                       gravações de motoristas dirigindo de forma
                                                                       “correta”, aprendendo, por exemplo, as reações
                                                                       adequadas em cada situação. O engenheiro en-
                                                                       tão cria um sistema com capacidades “mentais”
                                                                       adequadas para assimilar as lições – memória
                                                                       episódica, percepção espacial, controle de aten-

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