Page 12 - Revista EAA - Edição 86
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CAPA          ELETRIFICAÇÃO DA MOBILIDADE




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          Da combustão

          à eletrificação:

          um caminho para

          o crescimento


          sustentável na

          mobilidade aérea




          O desenvolvimento de novos materiais
          tem papel relevante no atendimento das
          demandas dos veículos aéreos. Para romper
          com modelos tradicionais de aeronaves tubo
          e asa, a principal aposta é a introdução da
          eletrificação em sistemas propulsivos



          André Gasparotti, Alex Sandro Barbosa Passos
          e Luiz Augusto Rodrigues Nerosky*




            Nas últimas décadas, a elevada consciência da sociedade
          sobre os impactos ambientais, econômicos e sociais resultantes
          das ações humanas tornou a sustentabilidade um pilar estra-        Meta de redução de emissões da indústria
                                                                                     aeronáutica até 2050 [fonte: Iata]
          tégico para a definição de novos negócios, produtos e serviços.
            O setor automobilístico brasileiro trabalha intensamente
          nesse pilar desde a década de 1970, inovando com veículos
          movidos a etanol, flexíveis em combustível e, mais recente-  Novos conceitos operacionais, melhorias na infraestrutura
          mente, os híbridos e elétricos.                    aeroportuária e uso de novas tecnologias de produto, como ma-
            A indústria da aviação, por sua vez, representa aproxima-  teriais compósitos, motores térmicos de última geração e siste-
          damente 2% das emissões de origem humana, ainda que te-  mas automatizados, não serão suficientes para reverter a ten-
          nha cortado o combustível queimado por assento-milha em   dência de crescimento das emissões com o aumento do tráfego
          82% entre 1958 e 2010. Consciente de que esses ganhos são   aéreo nas próximas décadas. Há que se buscar meios adicionais,
          insuficientes para que o transporte aéreo seja considerado sus-  como o desenvolvimento, a certificação e o uso em escala de
          tentável, o setor se comprometeu em 2008, por meio da Iata   biocombustíveis sustentáveis e de tecnologias que viabilizem
          (International Air Transport Association), com a meta de redu-  projetos de aeronaves não convencionais e ultraeficientes.
          zir as emissões de gases de efeito estufa em 50% até 2050, em   Rotas de conversão de biomassa em combustíveis de avia-
          comparação com os níveis de 2005. Considerando que as aero-  ção já são realidade. Após anos de investimento privado e go-
          naves de transporte de passageiros são projetadas para uma vida   vernamental em P&D, já é possível voar com misturas de bio-
          útil de décadas e que o desenvolvimento e certificação de novas   combustível. Entretanto, os custos ainda são elevados, fazendo
          tecnologias demanda altos investimentos e tempos de matu-  com que o esforço atual da indústria seja viabilizar o ganho de
          ração, não há dúvidas de que se trata de um plano ambicioso.   escala, inclusive no Brasil.
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