Page 33 - Revista EAA - Edição 87
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SAE MULHERES     CARREIRAS







































                  “Ainda estamos longe de ter oportunidades
               iguais de crescimento profissional, equiparação
                 de cargos e salários no mercado de trabalho”


 Em busca de   No Brasil o número de graduandos por sexo demonstra   Entretanto, como falar em desenvolvimento de uma nação   te familiar, seja na escola, nas mídias e na sociedade. Segundo

 oportunidades   que as mulheres têm maior inserção no ensino superior; de   se não há investimentos em ciência e tecnologia e se basica-  a OECD (2015), em 2012 somente 14% das jovens mulheres
                                                               ingressantes na universidade escolheram áreas abrangidas pelo
           mente excluímos metade da população, que são as mulheres,
 acordo com o MEC/Inep (2018), 61,1% concluintes do ensi-
 iguais  no superior são mulheres e 38,9% são homens. Porém, a pre-  de pensar e propor soluções para os problemas de nossa socie-  conceito de Stem, como engenharia, indústria e construção.
                                                                 Para   atingir as  meninas é preciso mostrar que Stem  é
 dominância de formação engloba cursos de ciências humanas
           dade? Assim, perdemos a oportunidade de construir um País
 e sociais aplicadas, e não áreas Stem.   mais desenvolvido economicamente e com maior participação   para  elas, sim! É preciso incentivá-las desde a infância às
 A participação das mulheres nas áreas    Apesar das mulheres serem cerca de metade da popula-  ativa populacional. Dois são os tipos de segregação femini-  carreiras científicas, e o Estado brasileiro tem o papel fun-
 de Science, Technology Engineering    ção mundial a presença feminina em áreas Stem ainda está   na: a horizontal, com poucas mulheres em áreas específicas   damental de fomentar ações que abram oportunidades para
 and Mathematics [Stem]: uma construção   sub-representada. De acordo a Unesco (2018), 28% dos pes-  do conhecimento, por exemplo, em Stem, e a vertical, referen-  que as meninas possam ter contato com a ciência, a tecnologia
 desde a infância  quisadores de todo o mundo são mulheres. Elas também têm   te à baixa representação de mulheres em postos de prestígio e   e a inovação desde os ciclos mais básicos da educação. Um
 menos reconhecimento, apenas 17 receberam o Prêmio Nobel   poder. Dessa forma, ainda estamos longe de ter oportunidades   exemplo de política pública cujo objetivo era despertar a vo-
 de Física, Química ou Medicina desde Marie Curie, em 1903,   iguais de crescimento profissional, equiparação de cargos e sa-  cação de alunas da educação básica para as carreiras Stem foi
 Adriana Tonini*
 em comparação a 572 homens.  lários no mercado de trabalho.   uma chamada pública do CNPq em 2018, com o tema “Meni-
             É preciso ter políticas de inclusão que estimulem a parti-  nas nas Ciências Exatas, Engenharias e Computação”.      Es-
           cipação de meninas em áreas de STEM para desconstruir o   pera-se que ações como essas possam se transformar em uma
 “Apesar das mulheres serem cerca de metade    que elas tendem a acreditar: que não são tão capazes quanto os   política pública que visa reduzir a segregação horizontal e ver-
 da população mundial a presença feminina    meninos, devido a uma criação social de estereótipos. Por isso,   tical das mulheres nas áreas Stem.
 em áreas Stem ainda está sub-representada”  motivar vocações não é tarefa fácil, principalmente em áreas de
           engenharia, exatas e computação, nas quais, para as meninas, a   *Adriana Maria Tonini, diretora da Diretoria de Engenharias, Ciências
           afinidade é desconstruída ainda na infância, seja no ambien-  Exatas, Humanas e Sociais –DEHS/CNPq.





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