Page 46 - Revista EAA - Edição 59
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coMBuSTíVEl
Fonte: Relatório da NACS sobre o Estado da Indústria de 2012 e Dados de 2011 Dados da NACS, representando
84% dos 150.000 postos de
combustíveis nos EUA, mostram
cenário brasileiro que a gasolina de menor
O Brasil iniciou o seu programa de combustível alternativo com o Programa octanagem é uma das mais
Nacional do Álcool (Proálcool) em 14 de novembro de 1975, no governo Geisel. A procuradas pelos consumidores.
medida visava criar nova matriz energética para substituir o petróleo, que era 80%
importado e - com o aumento decorrente da crise do petróleo de 1973 - estava
ocasionando elevado gasto de divisas. Ocorreu que o etanol acabou substituindo
apenas a gasolina e não resolveu muito, uma vez que continuou a importação de essas soluções ainda estão alguns anos
petróleo para refinar diesel, o derivado de maior consumo. Motor Diesel funcionar distantes de impactar significativa-
com etanol não era viável tecnicamente, o mesmo quanto a transformá-los para ciclo mente, combustíveis líquidos a partir
Otto. De qualquer maneira, o Proálcool se desenvolveu à custa de vultosos subsídios à de gás natural (GTL) deverão crescer
indústria sucroalcooleira, e o Brasil se tornou o primeiro país a adotar um combustível nos EUA,” disse Soare.
alternativo à gasolina em grande escala. No final dos anos 1980, chegamos a 90% da
produção de automóveis ser movida a etanol. Outra solução é converter gás na-
No começo dos anos 1990, os preços internacionais do petróleo iniciaram queda tural em etanol, uma técnica que vem
forte e constante e o etanol – o Proálcool havia terminado em 1988 – acabou se sendo estudada pela Coskata.
tornando muito caro em relação à gasolina. O carro a etanol deixou de ser interessante “A Coskata vem operando há cinco
devido ao maior custo por quilômetro para rodar e a produção de automóveis a etanol anos em escala-piloto e de demonstra-
praticamente cessou.
O etanol só voltaria à cena com o advento do carro flexível em combustível, iniciado ção produzindo etanol a partir do gás
com o VW Gol Total Flex em de março de 2003, repetindo o que ocorrera nos EUA natural,” disse Bill Roe, o presidente
12 anos antes. A partir daí, o número de carros flex cresceu sem parar, chegando aos da empresa. Ele assegura que o etanol
dias atuais a quase 90% de todos os automóveis e comerciais leves comercializados produzido atende à especificação da
no país. Hoje, são 21 milhões de carros flex, superando a frota de carros a gasolina.
Novamente, o Brasil é o único país com um programa de alternativa à gasolina em ASTM (American Society for Testing
grande escala. Materials) para etanol combustível.
Quanto à octanagem da gasolina comum brasileira (sem chumbo tetraetila, Isso quer dizer que o gás natural pode-
eliminado em setembro de 1991, primeiro país a fazê-lo), 25% dela é etanol anidro ria seria ser usado para aumentar as oc-
e sua octanagem é 91 IAD (índice antidetonante), maior que a comum (regular) dos tanas e elevar o desempenho de moto-
EUA, de 87 IAD, e equivalente à mid-grade de lá. Temos ainda as gasolinas premium
(93 IAD, pouco encontrada hoje) e a Podium, exclusiva da Petrobrás, de 95 IAD, a res normais a gasolina por meio de sua
gasolina de maior octanagem do mundo. Sempre, claro, com 25% de etanol anidro, conversão para etanol. Roe disse que o
mistura obrigatória por lei. caminho para o etanol (GTE) requer
Pelo padrão de octanas RON (Research Octane Number), adotado pelo mundo menos energia que o GTL. É também
todo exceto Brasil e EUA, temos 95 octanas (comum e comum aditivada), 98 octanas mais viável para escalas menores, per-
(premium) e 102 octanas (Podium).
BS mitindo projetos menores do que os
GLT de multibilhões de dólares. n
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