Page 42 - Revista EAA - Edição 60
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AEROESPACIAL   (CAPA)




           FAB opta pelo


           Gripen NG: começa


           uma nova história






           APÓS UMA DÉCADA E MEIA DE INFINDÁVEIS
           DISCUSSÕES E ANÁLISES ENVOLVENDO
           CRITÉRIOS TÉCNICOS, FINANCEIROS E
           POLÍTICOS, FOI ANUNCIADA A ESCOLHA DA
           NOVA AERONAVE DE CAÇA QUE EQUIPARÁ
           A FORÇA AÉREA BRASILEIRA, O SUECO
           SAAB GRIPEN NG            JOÃO TILKI



           A demora na decisão, governo após governo, sempre esbar-
           rou nas questões não apenas financeiras e técnicas a respeito
           da configuração necessária para atender aos requisitos de uso
           pela FAB, mas também acerca de transferência de tecno-
           logia para que, pelo menos partes das aeronaves pudessem
           ser fabricadas por empresas brasileiras, bem como em rela-
           ção ao domínio dos seus sistemas. A compra de aviões de
           caça de nova geração, 36 no caso da FAB (talvez um nú-
           mero maior no futuro), envolve altos valores e prestígio para
           seus fabricantes, todos interessados em perpetuar suas vendas
           apostando na superioridade de seus respectivos conjuntos.
             Não se tratava de uma simples compra de aviões e demais
           materiais de apoio, mas também de compensações envolven-
           do ampla transferência de tecnologia e obtenção da “proprie-
           dade intelectual” do produto e seus sistemas. Esse é o caso,
           por exemplo, da abertura do código-fonte da aeronave, que
           permitirá ao País, entre outros aspectos, integrar, de forma in-
           dependente, novos sistemas, equipamentos e funcionalidades
           ao avião, como o armamento, o que permitiria uma flexibi-
           lidade de alternativas, lançando mão de diversos fabricantes
           e evitando, assim, limitações de ordem política internacional
           em relação a importações e embargos. Tudo isto permite ao
           operador  desenvolver  seus  próprios  aplicativos  e  alterá-los
           sem intervenção do fabricante. Trata-se, pois, de um contrato
           muito amplo e oneroso, com consequências em longo prazo.
             No caso da FAB, os concorrentes do Gripen NG, nes-
           ta última fase, eram a Boeing, com o F-18 Super Hornet,
           e a Dassault (fabricante dos Mirage), com o seu Rafale. O
           valor estimado da transação é de aproximadamente US$ 4,5
           bilhões, o que justifica esforços e cuidados em várias esfe-

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