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AEROESPACIAL
tes, podendo transportar quatro pessoas no total. Seguiu-se ao projeto, engenha- T-Xc, ainda sem nome, tem realizado
ria, desenvolvimento e fabricação de um protótipo com sua parte estrutural em vários voos.
compósito de fibra de carbono, atingindo cerca de 90% do peso, já descontando os O avião experimental K-51, tam-
sistemas. Muitos aviões utilizam fibra de carbono, mas não na estrutura primária. bém projeto de Joseph Kovács, serviu
O financiamento foi viabilizado por ser um produto de inovação. como referência na definição da asa
Durante muitos anos, o treinamento básico dos pilotos da Força Aérea Brasi- (área, envergadura, perfilagem), o mes-
leira tem sido baseado no monomotor Neiva T-25 Universal, projeto do início da mo acontecendo para o estabilizador e
década de 1960. Essa aeronave sempre desempenhou um importante papel nessa o profundor, bem como para a deriva.
função tão fundamental para os cadetes da FAB, mas ainda que a manutenção Para a asa, os flapes e ailerons; no caso
constante tenha prolongado sua vida útil, há o limite de tolerância da célula, bem do estabilizador, o comando do leme
como a obsolescência do próprio equipamento frente aos avanços da tecnologia de profundidade e na deriva, o leme de
aeronáutica. Ainda há dezenas de T-25 em uso aguardando a entrada de um novo direção. Foi a herança geométrica do
equipamento que venha suprir as necessidades da corporação e que alie tecnologia K-51. Para fazer um avião com melho-
e desempenho e, ainda, reúna as características necessárias ao treinamento. É essa res soluções nas questões de aerodinâ-
lacuna que o T-Xc pretende preencher, concebido com uma moderna tecnologia mica, resolveram por bem adotar estas
envolvendo materiais compostos, aviônicos modernos e refinada aerodinâmica. E a informações de um avião já conside-
lacuna não é somente no setor militar, mas também no civil. rado como bom em voo, um conceito
A indústria aeronáutica brasileira, embora com muito sucesso em alguns seg- aerodinâmico já comprovado, não dei-
mentos, não desenvolveu nenhum produto novo dentro dessa categoria e nem com xando dúvidas de que o novo avião teria
elevado potencial comercial. O T-Xc vem ser a opção inovadora, tanto para uso boas características.
militar quanto civil, para treinamento primário e básico, além de aeronave leve de A posição das empenagens vertical
lazer e negócios. O novo avião, com trem de pouso triciclo retrátil e motor Lyco- e horizontal em relação à asa é muito
ming, a pistão, de 315 shp e hélice de três pás com passo variável, tem capacidade importante. Foi concebida uma fusela-
acrobática e desempenho próximo ao gem de dois lugares, lado a lado, com
Embraer T-27. Não por acaso, as três modificações aerodinâmicas para ade-
aeronaves, de fabricantes diferentes, quar à nova conformação necessária à
têm participação de Joseph Kovács, O painel de instrumentos aeronave. A construção de cada avião
húngaro naturalizado brasileiro, em do protótipo já incorpora é diferente. No K-51 foi empregada
seus projetos. O primeiro protótipo do tecnologia atual muita madeira, enquanto no T-Xc a
estrutura primária é em compósito de
fibra de carbono e as posições de nervu-
ras, longarinas e soluções de comando
de voo, completamente diferentes. Os
direitos autorais do K-51 foram com-
prados pela Novaer para que algumas
de suas soluções fossem aplicadas no
T-Xc. Embora o T-Xc seja uma ideia
própria da Novaer com vistas a atender
à FAB, além do grande mercado civil,
não houve, ainda, manifestação da cor-
poração militar sobre o tipo de avião
que ela quer e, no caso de seu uso es-
pecífico, o avião terá de passar por mo-
dificações.
Em uma comparação superficial,
porém bem elucidativa, no caso do
T-25, trata-se de um avião que tem de
subir (com instrutor, aluno e combustí-
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