Page 19 - Revista EAA - Edição 86
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sa, a investirem bilhões de dólares na busca de aprimoramento
           nas células de lítio-íon, visando o aumento de segurança e con-  NÚMERO ANUAL DE
           fiabilidade, e também de suas densidades de energia e de potên-  INCÊNDIOS EM VEÍCULOS NAS
           cia – esse é um processo contínuo até os dias de hoje.    AUTOESTRADAS DOS EUA
              Durante os anos de 2011 e 2012 o Chevrolet Volt ganhou
           manchetes na mídia quando vários deles se incendiaram duran-
           te os testes de impacto, obrigando a GM a rever o projeto da
           bateria para conseguir passar nos testes.
              Em 2013, logo após o Tesla Model S ter recebido o título de
           “o carro mais seguro de todos os tempos”, infelizmente um deles,
           em alta velocidade na estrada, “atropelou” um pedaço de entulho
           que perfurou a bateria, provocando seu incêndio.
              Outros casos de incêndio de veículos elétricos são esporadica-
           mente reportados pela mídia todos os anos, geralmente e felizmen-
           te sem vítimas com óbito, pois, quando há alguma falha (geralmen-
           te acidente) e os sistemas de proteção da bateria não conseguem
           impedir a ocorrência de seu sinistro, esse processo normalmente        Figura 4: Número anual de incêndios
           leva algum tempo para atingir o calor necessário para iniciar o in-  em veículos nas estradas dos EUA (em milhares) [4]
           cêndio, permitindo que os ocupantes de um carro envolvido em
           um acidente saiam do veículo antes que o incêndio comece.  A fabricante afirma que a melhor comparação são os “incên-
              No caso do veículo a combustão envolvido num aciden-  dios por 1 bilhão de milhas percorridas”, informando que os 300
           te que atinja o tanque de gasolina (o equivalente do acidente   mil Teslas em uso percorreram um total de 7,5 bilhões de quilô-
           que atinge a bateria dos veículos elétricos), é muito provável   metros, e cerca de 40 incêndios foram relatados, representando
           o vazamento de combustível que, na presença de uma faísca   cinco incêndios por cada bilhão de quilômetros percorridos, em
           ou mesmo em contato com alguma superfície superaquecida,   comparação com uma taxa de 55 incêndios por bilhão de quilô-
           se incendeie imediatamente e se espalhe rapidamente, podendo   metros percorridos por carros a gasolina.
           impedir a saída dos ocupantes do veículo.             Toda nova tecnologia gera expectativa e desconfiança, mas o
              Fato interessante é que qualquer incêndio em um veículo elé-  risco de incêndio ao dirigir um carro movido a combustível fóssil
           trico rapidamente se transforma em manchete, porém um carro   é muito maior que em um carro elétrico. Sobre incêndios com
           a combustão pegando fogo no acostamento da estrada rende, no   baterias, eles acontecem e são assustadores, mas são relativamente
           máximo, uma foto tirada por um celular de alguém que passa no   raros, apesar das manchetes que a mídia insiste em propalar. Es-
           local. A gasolina é um material muito perigoso, e foram necessários   teja certo, quando se trata de incêndio, você está mais seguro em
           130 anos de projetos e experiência para tornar um veículo a com-  um carro elétrico do que em um carro a combustão.
           bustão o mais seguro possível. Ainda estamos nos estágios iniciais   O desafio da segurança é constante, e a engenharia auto-
           de compreensão de como tornar as baterias de lítio-íon seguras.  mobilística está envidando esforços contínuos no sentido de
              No gráfico mostrado na Figura 4 podemos notar o número   aprimorar a segurança e a robustez de todos os veículos, con-
           assustador de incêndios em veículos (praticamente todos a com-  siderando todas as tecnologias de propulsão. n
           bustão, devido à pequena participação de mercado dos elétricos)
           nas estradas dos Estados Unidos atendidos pelos bombeiros e re-
           portados pela NFPA – National Fire Protection Association.  REFERÊNCIAS
              Nesse gráfico dois fatos chamam a atenção. Primeiro, a mé-  [1] SAE GlobalGround Vehicle Standards – Jack Pokrzywa.
           dia anual de cerca de 170 mil veículos a combustão incendiados   https://www.asam.net/index.php?eID=dumpFile&t=f&f=2047&-
                                                              token=ec76788acad818669e84068e80f8f879d451406e
           nos últimos anos e, segundo, a média anual de cerca de 450 mil
                                                              [2] An Integrated Multifunctional Bidirectional AC/DC and DC/DC
           veículos a combustão incendiados na década de 1980, ou seja, um
                                                              Converter for Electric Vehicles Applications.
           número de incêndios cerca de 260 % maior apenas 30 anos atrás.
                                                              https://www.mdpi.com/1996-1073/9/7/493/htm
              Devido à pequena participação dos veículos elétricos no
                                                              [3] SAE International Standards work, including communication proto-
           mercado mundial, não é possível fazer um estudo compara-
                                                              cols and connectors, fast charger, batteries – Tim Mellon.
           tivo similar entre as duas motorizações, porém a Tesla afirma   https://slideplayer.com/slide/1496478/
           que os carros movidos a combustível têm, aproximadamente,   [4] Elaboração CPQD. Fonte: U.S. NFPA – National Fire Protection
           11 vezes mais chances de se incendiar do que um Tesla.  Association.
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