Page 28 - Revista EAA - Edição 89

FERROVIA TECNOLOGIA
Dessa visão, trazemos a linha do serviço proposto
nesta matéria. Focando em atividades de monitoramento
desses cenários, com objetivo de acompanhar sua evolu-
ção e definindo níveis de atuação conforme as condições
de avanço dos riscos à estrutura, tudo isso em conjunto
com a concessionária de gatilhos para atendimento pre-
ditivo, preventivo e emergencial, é visada a possibilidade
da equipe de manutenção de via atuar no momento que
melhor convier sua estratégia.
Aqui também temos por finalidade abordar a evolu-
ção nos sensores atualmente em uso nas ferrovias, pro-
pondo uma nova linha de atividade de manutenção para
este que é um dos pilares da ferrovia.
Atualmente, o plano de manutenção de via permanente
é embasado sobre o retorno de diversos modelos de inspe-
ção, podendo ser citados como exemplo o serviço prestado
pelo ronda de linha ou por meios mecanizados, como car-
ro-controle e ultrassom, entre outros recurso que realizam
o levantamento de anomalias e geram banco de dados para
a engenharia direcionar a manutenção. Entretanto, diante a
extensão da linha e disponibilidade dessas inspeções, alguns
Imagem 3: danos causados devido a obstrução em bueiros pontos frágeis podem vir a surpreender a operação, como
Fonte: Acervo SAE BRASIL Mentoria Ferroviária evidenciado anteriormente.
Adotando-se sensores conectados por meios de comu-
nicação sem fio, através de sinais digitais de rádio e sensores
em estado sólido, como giroscópios, acelerômetros, pluviô-
Imagem 4: escorregamento metros e outros sensores com níveis de precisão desenvol-
parcial devido a danos na parte interna do bueiro vidos especificamente para esses fins, foram inseridos nos
Fonte: Acervo SAE BRASIL Mentoria Ferroviária
produtos visando a confiabilidade nas operações. O avanço
na eletrônica ainda proporciona condição de consumo de
energia cada vez mais reduzido, eliminando a necessidade
de geradores fotovoltaicos robustos e dando espaço a pro-
tótipos de baterias com alta concentração de energia, que
sustentam equipamentos com vida muito longa.
A informação proveniente do campo tem como fim
ser disponibilizada no Centro de Inteligência da conces-
sionária, normalmente a engenharia da área responsável
pela manutenção do sistema, que detém conhecimento dos
históricos e das estatísticas do sistema. Dessa forma, a co-
nexão entre todas essas leituras precisa estar disponível e
em tempo real, nesse caso, para a engenharia de via, que faz
a interface com os profissionais habilitados para a tomada
de decisão, podendo ser eles geógrafos, engenheiros res-
ponsáveis pela segurança da via, engenheiros de operação e
apoios gerais da logística.
Com base nisso, cuidou-se para que o protótipo dese-
nhado tenha conectividade para atender condições de co-
municação em grandes centros, através de redes celulares,
bem como em áreas rurais, onde a comunicação satelital
toma a frente. De toda forma, ainda para casos emergen-
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Imagem 5: detalhes da proposta de sensoriamento em campo
ciais, que os sensores em campo tenham como alvo a co-
municação direta para a composição ferroviária, estudou-se
um modelo de modulação do sinal do rádio que supere
algumas dificuldades, como variáveis climáticas, túneis,
relevo geográfico ou encostas, garantindo a comunicação
efetiva e evitando, assim, catástrofes ferroviárias.
Para tornar o serviço ainda mais robusto, considera-
mos agregar valor às informações de campo. Com o uso de
inteligência artificial e leitura de eventos climáticos obti-
dos através de serviços atuais de monitoramento de clima
e tempo, é possível prover maior ou menor relevância ao
imediatismo na tomada de decisão, destacando para todos
os envolvidos os itens de maior relevância.
O esquema a seguir mostra uma evolução do contexto
geral da proposta do serviço. A coleta de informações para Imagem 7: cenário crítico de escorregamento de materiais
Fonte: Acervo SAE BRASIL Mentoria Ferroviária
a constituição de um histórico, análise e composição de um
procedimento para que o entendimento de causa do movi-
mento dos terrenos seja entendido e controlado. clusiva para o atendimento de uma concessionária, com
Outro cuidado adotado foi a construção dessa solução projeção de expansão para outros modais, como o rodovi-
unindo as informações num servidor Tipo API (Appli- ário, por exemplo.
cation Programming Interface), que, respeitados os níveis Entendendo o passivo de atuação no setor, esse estudo
corretos de acordo, permitem o trânsito de informações tem como proposta possibilitar às operadoras ferroviárias a
entre duas plataformas, para que essa solução não seja ex- condição de definição de pontos de atuação conforme sua
severidade, conciliando o plano estratégico plurianual de
Imagem 6: esquema operacional do serviço de manutenção com o monitoramento e a atuação imediata
monitoramento e operação de anomalias
em pontos que acabaram desviando os planos e se tornando
emergenciais, mas ainda com o conforto do monitoramento
e a certeza da eliminação de condições catastróficas, confor-
me observado na imagem final desta matéria, tão onerosos às
companhias e prejudiciais à logística brasileira. n
*Maximiliano Cardoso é gerente de Engenharia, Planejamento
e Execução de manutenção de tecnologia Operacional
da Rumo Logística e membro da SAE Mentoria Ferroviária;
Edson Seigi Simizo é gerente da Engenharia
de Produto da Cerruns Indústria e Comércio
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