Page 32 - Revista EAA - Edição 89
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FERROVIA DESAFIOS
Desafios e oportunidades Modernas instalações das
fabricantes brasileiras para
para o crescimento da indústria produção de veículos ferroviários
ferroviária brasileira
nhas 6 e 17 do Metrô, e a expansão das linhas 2 e 15 tam-
Temas latentes que precisam ser resolvidos em curto prazo permitirão bém do Metrô, da linha 9 da Companhia Paulista de Trens
que o progresso do transporte ferroviário nacional alcance competitividade Metropolitanos (CPTM) e do Veículo Leve sobre Trilhos
mundial e gere emprego e renda para os cidadãos (VLT) da Baixada Santista. Além da construção do trem
intercidades, entre São Paulo e Campinas, e do people mover
Vicente Abate*
do aeroporto de Guarulhos. Há vários outros projetos pelo
Brasil como a concessão à iniciativa privada das linhas 8 e
9 da CPTM e de outros sistemas, como o de Brasília, da
Companhia Brasileira de Trens urbanos (CBTU) e da Em-
presa de Trens Urbanos de Porto Alegre (Trensurb).
1. A renovação antecipada da concessão de seis malhas
de carga, em vários estágios de execução no momento,
deverá também alavancar a indústria ferroviária,
com investimentos vultosos pelas concessionárias,
que ultrapassam R$ 40 bilhões, e que proporcionarão
também um novo patamar de qualidade nos serviços
de transporte aos usuários das ferrovias.
2. A renovação da frota de material rodante com mais de
40 anos de idade é um outro fator de impulso à indústria.
Espera-se que as concessionárias e o Departamento
Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit)
indústria ferroviária brasileira capacitou-se, ao lon- cipalmente do combustível, item prioritário das ferrovias. julho deste ano. A seguir virá a Ferrovia de Integração Oeste- iniciem, com urgência, o “desfazimento” desta frota,
go dos últimos anos, para melhor atender às con- Nesse sentido, a indústria nacional desenvolveu e já entre- -Leste (Fiol 1), com 537 quilômetros, de Caetité (BA) a Ilhéus preconizado por decreto presidencial, para que seja
A cessionárias de transporte ferroviário de carga e de gou ao mercado brasileiro, em setembro passado, a primeira (BA), que será leiloada na B3, em 8 de abril. Depois virá a reposta a capacidade recebida pelas concessionárias
há mais de 20 anos. Com isso, vagões e locomotivas
passageiros, do Brasil e do exterior, após investimentos sig- locomotiva de manobra elétrica, 100% a bateria, que será Ferrogrão, com 933 quilômetros, de Sinop (MT) a Miritituba
obsoletos, que operam com baixa eficiência e em
nificativos na construção de novas fábricas, modernização exportada para os Estados Unidos este ano. (PA), que deverá ir a leilão ainda neste ano.
condições precárias de segurança, serão sucateados.
das instalações já existentes, aplicação de novas tecnologias Trens de passageiros, dos mais diversos tipos, como Outros projetos estão em andamento, como a Fiol 2, de
e qualificação de sua mão de obra. Os investimentos conti- trens de superfície, metrô, veículos leves sobre trilhos, mo- Caetité (BA) a Barreiras (BA), com cerca de 500 quilôme-
3. Por último, mas não menos importantes, a prorrogação
nuam, para oferecer, sempre, produtos e serviços inovadores notrilhos e aeromóveis, que oferecem segurança, conforto e tros, em fase de construção pela Valec Engenharia, Constru-
do Reporto e a instituição do Projeto de Lei do Senado
da mais alta qualidade e de forma competitiva. rapidez no transporte de nossa gente, com sensível econo- ções e Ferrovias, com a participação do Exército Brasileiro.
(PLS)261, o novo Marco Regulatório das Ferrovias,
Foram vários os desenvolvimentos realizados pelos enge- mia de energia elétrica para as concessionárias. Uma cadeia Com previsão de início de construção ainda neste pri- estão em vias de ser votados pelo Senado Federal.
nheiros brasileiros das empresas fabricantes de equipamen- produtiva abastece todos esses veículos e fornece compo- meiro semestre, teremos a Ferrovia de Integração do Cen-
tos, sistemas e componentes, e das prestadoras de serviços, nentes de reposição às concessionárias, além de materiais tro-Oeste (Fico), de Água Boa (MT) a Mara Rosa (GO),
que proporcionaram maior produtividade às concessionárias para via permanente e sistemas de sinalização. Com todo com cerca de 400 quilômetros, produto do investimento São todos temas latentes, que precisarão ser resolvidos
e a seus clientes, permitindo-lhes melhorar sua competitivi- esse cabedal de conhecimento e de capacidade instalada, o cruzado da renovação antecipada da concessão da Com- em curto prazo, permitindo o progresso do transporte ferro-
dade e obter retorno financeiro em suas operações. que falta para a indústria ferroviária brasileira deslanchar? panhia Vale. viário nacional e, por extensão, da indústria ferroviária brasi-
Vagões de carga cada vez mais capazes e rápidos, na Faltam, principalmente, previsibilidade e regularidade A Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste) está em pro- leira, garantindo assim a competitividade mundial de nossas
carga e na descarga, destinados a todos os produtos trans- nas encomendas pelas concessionárias, que poderão se uti- cesso de privatização, que contempla sua extensão até Maraca- commodities e gerando emprego e renda para nossos cidadãos.
portáveis sobre trilhos, como minérios, grãos e derivados, lizar dos fatores a seguir elencados e possibilitar um novo ju (MS). A Rumo Malha Norte prevê estender sua ferrovia, de Perseguir essas oportunidades, com a resiliência natural
celulose, combustíveis e contêineres, dentre outros. patamar à nossa indústria. Rondonópolis (MT) à região de Lucas do Rio Verde (MT), dos ferroviários, é o nosso desafio! n
Locomotivas potentes, eficientes energeticamente e É premente expandir nossa malha. São vários os projetos agregando cerca de 600 quilômetros à nossa malha.
com elevada tecnologia embarcada, que proporcionam con- de carga, a começar pela ferrovia Norte-Sul, leiloada em 2019, São muitos também os projetos na área de passageiros,
trole da operação em tempo real e redução de custos, prin- que incorporará 1.537 quilômetros à malha atual, a partir de principalmente em São Paulo, como a construção das li- *Vicente Abate é Conselheiro da SAE BRASIL e Presidente da ABIFER
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