Page 43 - Revista EAA - Edição 67
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FÓRUM R&D “O 48-V tem a capacidade de preencher
a lacuna entre os sistemas 12-V com Des-
O futuro da combustão liga/Liga e motorizações híbridas de alta
tensão”, explicou. Não é à toa que as cinco
fabricantes alemãs estão apostando em
projetos 48-V.
Sim, os veículos movidos a gasolina ainda serão a Para exemplificar o uso do sistema,
maioria entre os carros produzidos daqui a 10 anos, Kaup deu dois exemplos práticos ao públi-
co presente ao Fórum. O primeiro concei-
mas os híbridos ganharão espaço to, que usa como base um Volvo S60, teve
desempenho como foco. “Para alcançar
potência de 450 cv, o motor do carro uti-
iante das normas cada vez mais restri- No continente americano, essa de- liza dois turbocompressores, além de um
Dtas de emissões de CO2 e outros po- manda fica ainda mais expressiva. De sistema 48-V e- um compressor. A partir de
luentes para os veículos, a indústria e toda acordo com o engenheiro da Continental, 1.500 rpm já é possível alcançar torque que
a sociedade se pergunta qual o carro e mo- dos mais de 21 milhões de veículos que 380 N•m (38,7 m•kgf). Acima de 6.000 rpm
tores do futuro próximo? O que acontece- devem ser vendidos em 2025 no conti- o torque passa para 500 N•m (51 m•kgf).
rá com os motores de combustão interna nente, 95% serão com motores a combus- Já o conceito Kia Optima T-Hybrid,
a gasolina? tão de gasolina. foi pensado para priorizar o baixo nível
Segundo Alexandre Rezende, enge- Mas o futuro também demanda que os de emissões de CO 2. Assim, com motor
nheiro de sistemas de motores da divisão motores a gasolina passem por mudanças diesel 4-cilindros common-rail e injeção
de powertrain da Continental Automotive, e configurações, como a implantação de direta de 1,7 litro, que incorporou o siste-
até 2025 os motores a gasolina ainda serão sistemas de eletrificação, turbos e válvulas, ma 48-Ve compressor elétrico, foi possível
os principais do setor, mesmo com legis- entre outras. diminuir as emissões de CO 2 em 13,5 % e,
lação de emissões de CO 2 cada vez mais Carsten Kaup, Team líder de equipe de paralelamente, aumentar a potência do
rigorosas. Estudo apresentado por ele no Motorizações Híbridas da AVL, que tam- carro em 25%.
4º Fórum R&D mostra que daqui a 10 anos bém participou do evento, falou sobre as No veículo também foi testada a ba-
os motores com injeção direta (DI) de ga- necessidades e oportunidades que os sis- teria de carbono-chumbo, que, segundo
solina ainda representarão 36% daqueles temas 48-V trazem ao mercado. Para ele, a Kaup, pode ser uma alternativa de baixo
produzidos para veículos leves até 6 tone- combinação de um motor de combustão custo para a indústria, com boa capacida-
ladas. Outros 33% serão de motores com com sistema alternoarranque de aciona- de de vazão de pico e ampla faixa de tem-
tecnologia de injeção de gasolina no duto mento por correia, de 48 V, e um compres- peratura.
(PFI, port fuel injection)). Os modelos híbri- sor elétrico, oferece um potencial realista O Fórum foi mediado por Martin Le-
dos, a combustão PFI ou DI, e os elétricos em termos de aumento de desempenho der, da Engenharia Avançada e de Siste-
serão 9% do montante. e redução do consumo de combustível. mas da Bosch. [CM, DS, PL e SP] n
FOTOS DANIEL DEÁK
Alexandre Rezende Carsten Kaup Martin Leder
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