Page 34 - Revista EAA - Edição 67
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EDUCAÇÃO DE ENGENHARIA
Engenheiros do amanhã
A tarefa de formar profissionais melhores passa pela
capacidade de unir academia, indústria e governo
em todo mundo tem a oportunidade concorda com Mateus. Disse que, na maio- Massami Murakami, diretor de Admi-
Nde estudar em Harvard e, de quebra, ria das vezes, para que se consiga realizar nistração de Marketing e Suporte a Ven-
participar do projeto de desenvolvimento algum projeto, é preciso de ”heróis”. “Certa das da Volvo do Brasil, ressaltou que além
de um satélite para a Nasa. Se isso não é vez ganhamos um caminhão, mas precisa- de formar mais, as instituições e empre-
tarefa fácil nem mesmo para os estudan- mos correr atrás do dinheiro para pagar a sas precisam formar melhor, inclusive no
tes americanos, imagina, então, para um parte referente aos impostos”, contou. que diz respeito à ética: “Não creio que os
brasileiro. Foi exatamente essa a chan- Embora ainda escassos, alguns pro- 300 mil alunos de hoje são capacitados
ce que Mateus Oliveira Silva, aluno de gramas, frutos da interação empresa, go- da mesma forma com que éramos quan-
engenharia aeroespacial da Universida- verno e academia, estão em andamento. do as faculdades tinham no máximo 30
de Federal de Minas Gerais, não deixou O InovaLab@Poli é um deles. Trata-se de mil alunos. A gente sente isso no dia a dia
passar. E foi sobre os contrastes entre os um laboratório multidisciplinar que ofe- e a empresa precisa investir para treinar
sistemas de educação daquele país e do rece recursos avançados para projetos de esse profissional”.
Brasil que o jovem falou no Congresso: engenharia. “Já estamos na terceira turma Mas, o que a sociedade espera desse
“Acredito que lá a relação entre indústria e conquistamos prêmios de inovação na engenheiro? Fernando Calmon, jornalista
e universidade, que ainda é bem imatura educação. Alguns dos trabalhos feitos nes- especializado no setor automobilístico e
aqui, é mais próxima. Aqui o estudante vai se ambiente já estão inclusive em ponto engenheiro, respondeu a essa pergunta.
para indústria só nos últimos períodos e lá de patente”, disse Roseli de Deus Lopes, “O engenheiro não pode ter uma posição
não. Além disso, os trabalhos lá são inter- professora do Departamento de Engenha- passiva ante as mudanças que vivemos.
disciplinares e fazem com que pessoas e ria de Sistemas Eletrônicos da Escola Poli- Quem tem conhecimento deve dividir”
membros de diferentes níveis interajam. técnica da Universidade de São Paulo. Ao final do evento, Mauro Andreassa,
Isso permite uma troca de conhecimento No que diz respeito às empresas, Daniel gerente de Assistência Técnica aos Fornece-
amplo. Outro ponto é o acesso à tecno- Dupas Ribeiro, gerente da fábrica de Mo- dores da cadeia de suprimentos da Ford e
logia. A burocracia aqui não permite que tores e Transmissões da Ford Taubaté, foi professor associado da Escola de Engenha-
tenhamos os recursos que precisamos”. categórico: “A indústria tem sim obrigação ria Mauá, que moderou o Painel, sorteou a
Cléber Gomes, professor da Fatec (Fa- na formação do engenheiro. Não temos participação em seminário do Project Ma-
culdade de Tecnologia e Ciência) de Santo expectativas de que teremos engenheiros nagement Institute-SP e em um dos simpó-
André, que também participou do Painel, 100% formados, essa lacuna é natural”. sios da SAE BRASIL. [CM, DS, PL e SP] n
FOTOS DANIEL DEÁK
Daniel Dupas Ribeiro, Cléber Gomes e
Mateus Oliveira Silva, Roseli de Deus Lopes e
Fernando Calmon
Massami Murakami
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